Estudo realizado na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP) observou que crianças e jovens com HIV têm maior prevalência de perda auditiva do que a população não portadora do vírus.
A pesquisa, de autoria da fonoaudióloga Aline Medeiros da Silva, verificou que há especialmente três tipos de fatores que podem levar à perda auditiva: o próprio vírus da aids, as infecções decorrentes da doença e o remédio utilizado para controlar a enfermidade.
Foram usadas duas classificações diferentes para avaliar o que é a perda auditiva. A classificação ASHA é mais rigorosa e classifica pequenas alterações, já como sinais de perda auditiva. Segundo Aline, ela é boa para acender o sinal de alerta porque aponta pequenas alterações.
Já a classificação BIAP é mais prática e menos rigorosa. Através do exame audiométrico em 106 jovens, com idade entre 5 e 19 anos, na cidade de São Paulo, observou-se que a prevalência de perda auditiva foi de 59,4% pela classificação ASHA e de 35,8% pela BIAP.
"Na população que não possui a doença, os dados não são padronizados, mas a prevalência varia de 2% a 24%", diz Aline. Na pesquisa, a fonoaudióloga observou também que a ocorrência de otite média supurada (infecção no ouvido com saída de líquido/pus) é um fator de risco para a perda auditiva. Na amostra, observou-se que quem já havia tido esse tipo de otite teve perda auditiva, tanto pela classificação ASHA quanto pela BIAP.
Para ela, o estudo que desenvolveu alerta para uma situação: a de que os jovens com aids têm queixas auditivas e, por isso, devem ser realizados estudos sobre esse fato. "Entre os jovens da amostra, 27,4% deles se queixaram de dificuldade de audição no último ano. Ou seja, é necessário um programa de acompanhamento para eles", diz a fonoaudióloga.
A autora da pesquisa ainda sugere um programa de acompanhamento periódico e a longo prazo para evitar a perda auditiva.