Aceitar a esquizofrenia é importante para unir a família e a pessoa com o distúrbio mental

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 22/05/2012 às 0:10

Quando a família das pessoas que vivem com esquizofrenia reconhecem e aceitam o transtorno mental, esses pacientes se sentem mais acolhidos. Esse é o recado de uma pesquisa apresentada na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (Preto (EERP/USP), realizada com indivíduos que têm esquizofrenia e com seus parentes.

O estudo é da assistente social Maria Cristina Ferri Santoro. Ela destaca que o início da doença é o período mais difícil para as famílias, devido à falta de informação e à dificuldade em aceitar o que ocorre com a pessoa que recebeu o diagnóstico do transtorno mental.

Logo após, vem a fase da necessidade de paciência, equilíbrio entre independência e vigilância. Em relação ao futuro, os relatos indicam o apego a um sentimento de esperança.

"Os pacientes e os parentes têm esperança na ciência e no tratamento medicamentoso correto", afirma Maria Cristina. "E em relação à responsabilidade pelo cuidado, os entrevistados também desejam encontrar os recursos para o cuidado dentro da família e de seu contexto sociocultural."

Segundo a pesquisadora, o estudo ressalta ainda a necessidade urgente de se ouvir o portador de transtorno mental e os seus familiares sobre a responsabilidade da família de cuidar da pessoa que vive com esquizofrenia.

"O principal objetivo foi saber como os parentes constroem suas práticas de cuidado ao longo do tempo e, para isso, foram convidados portadores de esquizofrenia e seus familiares, que participam de um grupo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP", diz a assistente social.

Ela destaca que, entre os parentes participantes, poucos ainda demonstram dificuldade para aceitar o diagnóstico de esquizofrenia. Porém, os familiares que demonstram essa dificuldade reconhecem que, se conseguissem aceitar, estariam sofrendo menos. "Observa-se, nos relatos dos entrevistados, que a família se vê como a primeira e única instituição de cuidado", conclui a pesquisadora.

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