Especialistas fazem alerta em relação à degeneração macular relacionada à idade

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 20/05/2012 às 23:05

Queridos,

Gostaria de explicar a minha ausência nestes últimos 12 dias aqui no blog. Tive um probleminha de saúde e, imediatamente após a minha recuperação, viajei a trabalho para a cidade de São José, na Costa Rica, onde acompanhei a apresentação do Consenso Médico sobre Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) na América Latina, divulgado paralelamente ao 5º Congresso da Sociedade Panamericana de Retina e Vítreo, de 16 a 19 de maio.

A DMRI é uma doença considerada a principal causa de cegueira em pessoas com mais de 50 anos nos países desenvolvidos e afeta mais de 30 milhões de pessoas em todo o mundo. Durante o evento na cidade de São José, capital costa-riquenha, especialistas apresentaram um acordo que avaliou a situação atual, o futuro desejado e os desafios que estão por trás da DMRI.

O grupo de experts também propôs soluções que melhor atendam às necessidades das pessoas com DMRI úmida nos países latino-americanos.

Vale frisar que existem dois tipos de DMRI:

- Úmida: É a forma mais séria e grave da doença e se caracteriza por um crescimento anormal de vasos sanguíneos que produzem extravasamento na mácula (uma pequena área localizada na porção central da retina). A DMRI úmida é associada à deterioração na qualidade de vida, ao isolamento social, à depressão, a aumento de risco de quedas e de fraturas de quadril.

- Seca: É a forma mais comum e, em estágios iniciais, há uma deterioração na função da mácula, associada a uma acumulação de drusas - depósitos amarelados na parte de trás do olho, considerados uma parte anormal do envelhecimento do olho.

Existem alguns fatores de risco que favorecem o desenvolvimento da DMRI. "Entre eles, estão a idade, já que a chance de aparecimento da doença aumenta após os 50 anos, e o elemento genético, pois quem tem parentes de primeiro grau com a enfermidade tem maior probabilidade de ter DMRI", diz o oftalmologista Walter Takahashi, chefe do setor de retina e vítreo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Ele participou, em São José, do Congresso da Sociedade Panamericana de Retina e Vítreo e enfatizou que, entre os fatores ambientais, o tabagismo é o que mais se destaca. Ou seja, quem fuma tem uma probabilidade maior de desenvolver DMRI do que os não fumantes. "O cigarro atua na oxidação dos tecidos da retina, o que predispõe a problemas na mácula", frisa Walter.

Os sintomas da doença, ressalta o médico, envolvem somente a visão. Os pacientes se queixam de perda visual lenta ou abrupta. Também chama a atenção a presença de metamorfopsia, que é a percepção de distorçãodas imagens.

Outros sinais da DMRI são visão borrada, pontos luminosos, manchas no centro da visão, diminuição da sensibilidade aos contrastes de luz, dificuldade de adaptação ao escuro, linhas distorcidas e tortuosas, além de necessidade de iluminação mais intensa para ler.

É fundamental salientar que esses sintomas podem indicar outros problemas de saúde. Por isso, somente um médico oftalmologista pode dar o diagnóstico.

A forma seca da DMRI não tem tratamento. Entretanto, acredita-se que a oxidação dos tecidos provoque a formação de drusas. Dessa maneira, a ingestão de substâncias antioxidantes, como as vitaminas C e E, o zinco, a zeaxantina, a luteína e o ômega-3 poderia ter o papel de retardar a evolução da doença.

Para a DMRI úmida, há tratamento através das chamadas substâncias antiangiogênicas, que inibem uma proteína, o VEGF (fator de crescimento vascular endotelial), que é responsável pelo aparecimento e crescimentodos neovasos. Os antiangiogênicos, de nomes como bevacizumab,ranibizumab, são injetados periodicamente no olho.

Recentemente, a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de fármacos nos Estados Unidos, aprovou uma nova classe de medicamentos para o tratamento da DMRI úmida. Trata-se do VEGF Trap-Eye, que já foi submetido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e deve estar em comercialização no Brasil até o fim deste ano.

O importante é o paciente saber que, ao sentir um impacto na visão, deve procurar um oftalmologista, capaz de fazer o diagnóstico correto de qualquer problema de visão. O exame de fundo de olho pode sugerir a DMRI, que é confirmada por exames específicos como a retinografia.

Um abraço,

* A jornalista viajou para a Costa Rica a convite da Bayer HealthCare