Fiocruz dá andamento a estudo para investigar aumento de cesarianas no Brasil

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 12/02/2012 às 22:19

Para descobrir o porquê da preferência de muitas brasileiras pelo parto cirúrgico, a Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz (ENSP), ligada ao Ministério da Saúde (MS), coordena a pesquisa Nascer Brasil: inquérito sobre parto e nascimento.

Participarão do estudo, de abrangência nacional, 24 mil mulheres em situação de pós-parto que vivem nas capitais e em cidades do interior. As entrevistadas serão aquelas que tiveram seus filhos em estabelecimentos de saúde com 500 ou mais partos por ano.

Dados recentes do MS revelam aumento no número de cesarianas. A pesquisadora da ENSP Silvana Granado explica que, no caso das mães que optaram passar por uma cesárea, será questionado o motivo da escolha.

Ela explica que o levantamento também verificará quais a indicação médica e a preferência pelo tipo de parto, a unidade onde a mulher se submeteu ao pré-natal e quem foi o profissional que fez o parto.

O MS revela que, em 2010, o Brasil registrou mais cesarianas do que partos normais. Em 2009, o País alcançava uma proporção de 50% de partos cesáreos. Já em 2010, a taxa subiu para 52%. E a Organização Mundial da Saúde recomenda que esse percentual fique em torno de 15%. Na rede privada, o índice de partos cesáreos chega a 82%. Na rede pública, 37%.

"É uma epidemia. É inaceitável para nós. Tem hospitais que se aproximam de 100%. E há uma pressão, às vezes, da própria paciente para que isso aconteça. Existe muito desconhecimento", afirma o secretário de Atenção à Saúde do MS, Helvécio Magalhães.

Para ele, é preciso reforçar que a mulher tem o direito a anestesia (para aquelas que têm medo da dor) e de acompanhante durante todo o processo.

Estudos comprovam que as chamadas cesáreas eletivas são as que representam maior risco. Nesse tipo de parto, a mãe agenda o dia do nascimento, e o bebê nasce sem que ela entre em trabalho de parto, o que pode causar problemas de saúde, principalmente respiratórios, na criança.