Jogadores de futebol ingerem níveis de vitaminas A, C e E abaixo do recomendado

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 22/12/2011 às 17:09

Jogadores jovens de futebol têm tanto pique que é difícil acreditar que eles têm deficiências na alimentação.

O problema é que esse grupo ingere níveis abaixo do recomendado de vitaminas E e A, segundo revela a pesquisa Perfil nutricional e estresse oxidativo de jogadores de futebol jovens.

A análise, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), mostra também que parte deles (35%) não consome níveis necessários de vitamina C. Além disso, foi detectada uma dieta muito elevada em proteínas e gorduras, como também pobre em carboidratos.

A autora do estudo, a nutricionista Francine Milani, explica que – quando se trata de jogadores de futebol – é preciso alertar em relação a essa baixa ingestão de carboidratos, que são os principais combustíveis alimentares.

E mais: a pesquisa detectou danos aos componentes lipídicos e protéicos celulares do corpo, o que pode comprometer o desempenho e saúde dos jogadores. Esses resultados, de acordo com Francine, preocupam porque a demanda física elevada a que os jogadores são submetidos, associada a uma alimentação inadequada, pode levar os atletas ao estresse oxidativo.

Em outras palavras, eles podem ter um desequilíbrio em favor da formação acentuada de radicais livres pelo corpo. Diante disso, os atletas jovens ficam com risco maior de sofrer lesões, fadiga precoce, prejuízo na fase de recuperação pós-exercício ou pós-jogo, diminuição na função imunológica e aumento de inflamações.

Com esse quadro, eles têm mais chances de adoecer e de ter a performance comprometida. “Por se tratar de adolescentes, esses efeitos podem ocasionar problemas no crescimento e no desenvolvimento”, afirma Francine.

Para a pesquisadora, ficou evidente a importância de uma adequada nutrição e a necessidade de uma educação nutricional no meio esportivo. “É necessário o acompanhamento e orientação individualizados, possibilitando um consumo alimentar balanceado, o que evita deficiências ou excessos alimentares e previne danos excessivos causados pelo exercício físico crônico”, frisa a nutricionista.

ENTENDA A PESQUISA

A amostra do estudo foi composta de 20 atletas de futebol adolescentes, em período competitivo, com média de 16 anos, índice de massa corpórea (IMC) de 21,9 Kg/m2 e 2,6 anos de experiência futebolística.

Os jovens foram submetidos a um treino de 60 minutos contínuos e avaliados em três momentos: antes do jogo, 30 minutos após o término e 24 horas após.

O estado nutricional foi avaliado a partir de antropometria (composição corporal e IMC) e exames bioquímicos para perfil lipídico (colesterol total, LDL e HDL). Também foram realizados exames para dano muscular (enzima creatina quinase e creatinina) e estresse oxidativo, com técnicas para verificação de danos aos componentes lipídicos e protéicos celulares, e defesa antioxidante não enzimática, representada pelas vitaminas antioxidantes E, C e A e glutationa reduzida.

A ingestão alimentar foi determinada através de registro alimentar de três dias antecedentes e não consecutivos à partida avaliada.

“Um achado preocupante da pesquisa é que nenhum jogador atingiu as necessidades de ingestão de vitaminas E e A, recomendadas pela ingestão dietética de referência, e 65% atingiram para a vitamina C”, conclui Francine.