Pesquisa mundial inspira criação de campanha para alertar sobre hipertensão persistente

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 11/12/2011 às 23:30

Algumas pessoas que têm pressão arterial alta não lidam com mistérios para controlar a doença. Mas para outra leva de pacientes com hipertensão resistente ao tratamento, deter a enfermidade é um desafio e tanto. Foi o que comprovou uma pesquisa feita com mais de 4,5 mil pacientes com esse grau de hipertensão em todo o mundo.

No Brasil, participaram cerca de 600 pessoas. Foram contemplados também no levantamento: França, Alemanha, Itália, Japão, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos.

O estudo, conduzido pela Harris Interactive e patrocinado pela Medtronic, mostrou que 85% dos participantes se declaram preocupados por tomar tantos medicamentos diariamente e 62% têm medo de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) causado pela pressão alta.

Além disso, 90% afirmam que a hipertensão tem impacto negativo na saúde em geral e 84% dizem que a qualidade de vida melhoraria muito se conseguissem controlar a doença com menos medicamentos.

Todos esses percentuais serviram de base para a formatação da campanha Power Over Pressure: Vencendo a Pressão, apoiada pela Sociedade Europeia de Hipertensão e pela Sociedade Americana de Hipertensão. O objetivo da ação, disponível através do site www.poweroverpressure.com, é aumentar a conscientização sobre os desafios enfrentados por quase 100 milhões de pessoas no mundo que vivem com hipertensão resistente ao tratamento.

"Esse grau da doença preocupa porque, mesmo com o uso correto de três ou mais medicações de classes diferentes, o paciente continua sem atingir o controle abaixo de 14 por 9", explica o médico Luiz Bortolotto, diretor do departamento de hipertensão do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Ele ressalta que, nos Estados Unidos, 28% dos hipertensos são resistentes às terapêuticas prescritas pelos médicos. "Aqui no País, o InCor tem se empenhado em estudar o percentual de brasileiros que não reagem aos medicamentos", informa o especialista, que considera a campanha fundamental para abrir os olhos da população e da comunidade médica.

"É um problema a que todos nós precisamos ficar atentos, pois quem é hipertenso resistente tem chances maiores de ter mais complicações cardíacas, renais e até AVC", complementa Luiz Bortolotto.

O depoimento do médico condiz com números trazidos pelo estudo, que revelou como os brasileiros com hipertensão resistente ao tratamento enfrentam mais desafios do que os pacientes com formas menos avançadas da enfermidade. Eles são mais propensos a sofrer de doenças como diabetes tipo 2 (11% de quem o estágio resistente contra 7% daqueles com hipertensão clássica), doença cardíaca (21% contra 12%) e obesidade (38% contra 29%).

Vale frisar que a pesquisa também revelou que as pessoas no Brasil com hipertensão resistente ao tratamento são extremamente preocupadas com a qualidade de vida. No País, mais de dois terços (67%) dos entrevistados descrevem a saúde em geral como "regular ou ruim", apesar de a maioria dos pacientes com o problema afirmar que está sob os cuidados de um clínico geral (72 %) ou de um cardiologista (49%).

"Para uma monitorização e domínio maior dessa forma mais grave da hipertensão, precisamos descobrir o que está por trás do descontrole da pressão arterial", enfatiza Luiz Bortolotto. Ele diz que a causa da resistência ao tratamento pode ser explicada por fatores genéticos, pela alimentação desregulada, por problemas renais e por doenças como diabetes, obesidade e apneia do sono.

Sendo assim, vamos divulgar a campanha Power Over Pressure: Vencendo a Pressão e alertar que pacientes com hipertensão resistente ao tratamento não devem bobear diante do tratamento medicamentoso e de hábitos de vida saudáveis. :)

Um abraço,