Brasileiros subestimam importância da vacinação na idade adulta e na velhice

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 06/12/2011 às 0:34

Tomar vacina também deve fazer parte da rotina dos idosos. Mas nem todas as pessoas dessa faixa etária levam a sério essa responsabilidade. É o que mostram os resultados da pesquisa Prevenção na Maturidade, realizada pelo instituto GfK Custom Research Brasil, a pedido da Pfizer.

O estudo, divulgado na última semana e feito com 1.710 pessoas acima de 50 anos, em 11 regiões metropolitanas do País, revela que só 32% dos entrevistados tomam vacinas para se prevenir de doenças. Ainda assim, quase 65% das pessoas que participaram do levantamento reconhecerem as vacinas como uma das formas de prevenir doenças.

A pesquisa também destaca que os brasileiros creem que a imunização é muito mais importante nos primeiros anos de vida do que na velhice. Para 91% dos entrevistados, a idade mais importante para se tomar vacinas é a primeira infância (bebês e crianças até 5 anos).

Outros 6% alegam que a imunização é mais importante para os idosos, enquanto 2% dizem que a idade adulta é a que mais exige as vacinas. E 1% diz que, na infância e na adolescência, a vacinação tem maior poder de combater doenças.

Preocupante é o fato de que aproximadamente 1/3 dos brasileiros (30% dos entrevistados) nunca ter ouvido falar sobre vacinação para adultos, segundo o estudo.

"A imunização é a melhor forma de proteção contra uma série de doenças também na idade adulta", frisa o infectologista Marcos Cyrillo, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Infectologia e coordenador da comissão de controle de infecção hospitalar do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM), em São Paulo.

Ele acrescenta que as vacinas são capazes de impedir o ataque de vírus e bactérias que podem causar diversas infecções, sendo algumas delas ainda mais agressivas e letais na maturidade, como a pneumonia. Por falar nisso, poucos entrevistados sabem que pneumonia é uma infecção pulmonar (5,4%), embora 34,8% dos participantes reconheçam que a doença é grave.

Quando questionados sobre os cuidados que adotam em saúde e bem-estar, os entrevistados mencionam a vacinação (32%, 3ª opção citada), que fica atrás dos cuidados com a alimentação (68%, 1ª opção) e das consultas regulares com médicos (47%, 2ª opção). Atrás da vacinação, está a prática de atividades físicas (24%, 4ª opção).

Outro dado interessante é que, no universo dos participantes da pesquisa que ainda não se imunizaram contra a pneumonia (96% do total – ou seja, 1.627 pessoas), 21% dizem conhecer a existência de vacinas contra a pneumonia, as antipneumocócicas, capazes de proteger o organismo contra a bactéria Streptococcus pneumoniae (S.pneumoniae), popularmente conhecida como pneumococo e a principal agente causador da doença.

"Parte dos entrevistados deve ter confundido o imunizante com as vacinas contra gripe, pois a porcentagem dos que afirmam conhecer as antipneumocócicas (21% em uma subamostra de 96% dos entrevistados) contrasta com a pequena parcela (4%) que diz ter tomado esse tipo de vacina", aponta Cyrillo.

Sobre os receios em relação à pneumonia, a maioria dos entrevistados (51,3%) diz temer a necessidade de internação hospitalar por causa da doença, seguido pelo risco de morte (43%) e do receio dos antibióticos não surtirem efeito no tratamento da doença (8,3%).

Foram contempladas pela pesquisa Prevenção na Maturidade as cidades de São Paulo (577 entrevistados), do Rio de Janeiro (371 entrevistados), de Belo Horizonte (142 entrevistados), de Porto Alegre (134 entrevistados), de Curitiba (94 entrevistados), do Recife (81 entrevistados), de Fortaleza (72 entrevistados), de Goiânia (72 entrevistados), de Salvador (70 entrevistados), de Brasília (50 entrevistados) e de Belém (47 entrevistados).