Aleitamento materno cresce na América Latina e Caribe, comprova pesquisa da USP

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 30/11/2011 às 23:19

Nunca é demais lembrar o quanto o leite materno é importante para a saúde das crianças. É um alimento que atende a todas as necessidades nutricionais do lactente, que precisa amamentar para continuar a sua etapa de crescimento e desenvolvimento fora do útero materno.

É por isso que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que, dos zero aos 6 meses de idade, todas as crianças se alimentem exclusivamente através do leite materno. Diante desse cenário, foi realizada uma pesquisa na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP).

O estudo Mudança temporal do aleitamento materno exclusivo na América Latina e Caribe: atualização de seus determinantes e da tendência secular analisou essa tendência em países da América Latina e Caribe durante as décadas de 1990 e 2000. Descobriu-se que, nesse intervalo, houve uma mudança positiva na porcentagem do aleitamento materno exclusivo.

A análise, que englobou o Brasil, a Colômbia, o Peru, o Haiti e a República Dominicana, também foi feita segundo variáveis socioeconômicas e demográficas. Dos cinco países, apenas a República Dominicana apresentou uma diminuição na taxa de aleitamento materno (de 28,3% para 11,3%).

O aleitamento materno exclusivo no Brasil passou de 25,7% para 45% das crianças, e no Peru de 53,7% para 65,8%. Os aumentos mais significativos ficaram com a Colômbia (de 19,7% para 57,8%) e o Haiti (de 5,3% para 40%).

Para o autor da pesquisa, o nutricionista Vitor Fernandes Bersot, a diferença é estatisticamente significativa em todos os países, o que leva a crer que a mudança não ocorreu por um acaso.

No Brasil, o pesquisador observou que há diferenças significativas na duração do aleitamento, conforme o sexo das crianças. As meninas mamam cerca de 40% a mais do que os meninos. Embora seu estudo não dê explicações para esse fato, o pesquisador levanta a hipótese dessa diferença estar associada à visão social da mulher como sexo frágil.