Síndrome da fragilidade em idosos favorece pressão arterial elevada

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 29/11/2011 às 13:31

Pessoas com mais de 60 anos, portadoras da síndrome da fragilidade possuem geralmente pressão arterial mais elevada e apresentam maiores fatores de risco em relação a problemas cardiovasculares. Foi o que mostrou um estudo realizado na cidade de Fortaleza, no Ceará, que envolveu 77 idosos dessa faixa etária.

A pesquisa constatou que essas pessoas também apresentam maior circunferência abdominal e colesterol HDL (bom) baixo. "São fatores que predispõem a riscos de infartos e de acidente vascular cerebral", revela a professora Nereida Kilza da Costa Lima, do departamento de clínica médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP/USP).

Nesse sentido, vale a pena abrirmos um parêntese para explicar o que é a síndrome da fragilidade. Fazem parte desse grupo idosos com perda de peso recente (em média, 4,5 quilos ou 5% do seu peso corporal), com queixas de cansaço avaliadas por um questionário e testes de força e com baixo nível de atividade física.

"Estatísticas de estudos americanos estimam que a síndrome já atinge 46% da população com mais de 85 anos em todo o mundo", informa a professora.

O estudo conduzido em Fortaleza é fruto do doutorado Avaliação de fatores de risco cardiovascular, com ênfase na pressão arterial, na síndrome da fragilidade em idosos, da enfermeira Rachel Gabriel Bastos Barbosa. Ela foi orientada por Nereida Kilza da Costa Lima.

A análise integra o projeto Fragilidade do Idoso Brasileiro (Fibra), de abrangência nacional. "Em Ribeirão Preto, o projeto é coordenado pelo professor Eduardo Ferrioli, que também é do departamento de clínica médica", diz Nereida.

Além da pressão arterial, outros exames de laboratório também foram realizados, revelando que os idosos frágeis também têm a homocisteína mais alta, que é um aminoácido (parte das proteínas) que aumenta quando existem processos inflamatórios, como nos pacientes com cardiopatia e com a doença de Alzheimer.

"O estudo mostra uma associação entre a síndrome e os riscos de problemas cardiovasculares, mas não uma relação de causa e efeito", explica Nereida. "A pesquisa servirá de base para novos estudos", reforça.

A professora ainda frisa que o combate à fragilidade dos idosos passa pela prática de atividades físicas, alimentação adequada e controle de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, além de outras, que podem agravar o quadro.