A religião pode ser uma grande aliada para que idosas superem a morte de seus companheiros. Essa é a conclusão do estudo A vivência do luto em viúvas idosas e sua interface com a religiosidade e espiritualidade: um estudo clínico-qualitativo, do enfermeiro Adriano Luiz da Costa Farinasso.
Para conduzir a pesquisa, defendida na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), ele buscou compreender os sentidos que as viúvas idosas tinham a respeito do luto, levando em conta a espiritualidade.
O levantamento constatou que tanto a igreja como a religiosidade funcionam como combustíveis para superar a perda do marido.
A análise também revelou que o fato dessas mulheres já terem vivenciado muitas perdas durante a vida ajudou na superação do luto, ao invés de torná-lo mais difícil. O pesquisador diz que essa reação, denominada resiliência, mostrou-se muito evidente no grupo estudado.
A mostra foi composta por seis mulheres com idade igual ou superior a 60 anos, que perderam seus maridos entre um mês e um ano antes do período da pesquisa. O estudo se baseou em entrevistas abertas, valorizando o aspecto qualitativo, e não o quantitativo: "O estudo se relaciona com a subjetividade das pessoas, e não com estatísticas", diz Farinasso.
As idosas são da cidade de Arapongas (PR) e todas vivem inseridas na comunidade. Inicialmente, procurou-se envolver participantes de religiões variadas, mas a amostra constituiu-se em viúvas católicas ou evangélicas.
O pesquisador constatou também que todas elas tinham algum relacionamento com um grupo religioso, sem uma necessidade estrita da ida até a igreja para o culto ou missa. O simples relacionamento com os "irmãos" de igreja já lhes era benéfico e ajudava durante o processo.