Comercialização do telaprevir, novo tratamento para hepatite C, não deve demorar

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 30/10/2011 às 23:52

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acaba de aprovar uma nova esperança para o tratamento de pacientes com hepatite C crônica. Trata-se do telaprevir, que passa por aprovação de preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CEMED).

Devido ao caráter de emergência, o telaprevir está inserido na categoria fast track, que indica uma necessidade extrema para que rapidamente os pacientes tenham acesso à medicação.

A emergência é dada por causa dos benefícios que o produto traz para as pessoas que estão em tratamento. O caráter fast track também foi considerado pela Anvisa para a aprovação, que só estava prevista para 2012.

Comercializado pela Janssen Farmacêutica, o telaprevir é um antiviral de ação direta (DAA) da classe dos inibidores de protease, indicado para o tratamento de adultos infectados pelo vírus HVC de genótipo 1, em combinação com o interferon peguilado alfa e ribavirina (terapia padrão atual).

O medicamento já foi aprovado também pela Food and Drug Administration (FDA) e pela European Medicines Agency (EMA), agências reguladoras de fármacos nos Estados Unidos e na Europa, respectivamente. O grande diferencial do fármaco, segundo os estudos clínicos, é a redução pela metade o tempo de tratamento e aumento em até 79% das taxas de cura, quando combinado com a terapia padrão atual.

O telaprevir leva à negativação completa do vírus e a consequente interrupção da evolução da doença. Isso supre uma falha no tratamento padrão (interferom peguilado alfa + ribavirina), que possibilita a cura de apenas 40% a 50% dos pacientes. A outra metade falha, o que faz a hepatite C evoluir e levar ao óbito.

Dessa maneira, a chegada dos DAAs é a primeira inovação no tratamento da hepatite C em mais de 10 anos.

"A importância do lançamento de telaprevir, no Brasil, pode ser comparada ao lançamento dos primeiros inibidores de protease para compor o coquetel antirretroviral contra o HIV, nos anos 1990", afirma José Carlos Appolinário, diretor médico do Laboratório Janssen. "Sem dúvida, os DAAs oferecerão aos pacientes muito mais oportunidades de cura."

FIQUE POR DENTRO

Considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) um problema de saúde pública, a hepatite C crônica pode trazer consequências graves para os pacientes e para o sistema de saúde pública.

Mais de 170 milhões de pessoas estão infectadas com o vírus HVC em todo o mundo. Muitas delas nem sabem que têm a doença, o que revela a necessidade de aumentar a taxa de diagnóstico por meio da sorologia.

No Brasil, estudos demonstram a prevalência da enfermidade é de 1% a 2% da população, com estimativa entre dois a quatro milhões de infectados. Um fato que preocupa os especialistas é que mais de 50% dos infectados evoluirão para a forma crônica da doença e, destes, 25% terão cirrose hepática e/ou câncer de fígado.

No Brasil, lamentavelmente 56% dos casos de câncer de fígado estão associados ao HVC, com taxa de mortalidade perto de 90% em grandes centros urbanos.

Apesar de ser uma doença lenta e com sérias consequências, pode ser detida através de um tratamento eficaz, que pode evitar o risco de morte em função dos danos no fígado, como cirrose hepática, insuficiência e até mesmo o câncer de fígado.