Esclerose múltipla: menos de 17% dos pacientes no Brasil recebem tratamento correto

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 30/08/2011 às 1:15

Dos 30 mil portadores de esclerose múltipla (EM) no Brasil, somente 5 mil recebem tratamento adequado devido à demora no diagnóstico.

Quanto mais tarde os pacientes descobrem que têm a doença, pior é a qualidade de vida com o passar dos anos. Esse é um recado importante hoje (30/8), quando o País se volta para o Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla (EM).

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Então, vamos aproveitar esta ocasião para reforçar a importância do diagnóstico e do tratamento precoce da doença, que deve ser iniciado assim que ocorre o primeiro surto de esclerose múltipla (EM). Nesse caso, o começo da terapêutica com o uso dos imunomoduladores é fundamental para uma melhor administração da doença, que é crônica e progressiva.

Se iniciado ainda na primeira crise, o tratamento permite uma melhora na qualidade de vida do paciente no futuro. "Mais do que 70% dos pacientes que apresentam o primeiro surto terão novas crises ao longo da vida, informa o neurologista Roberto M. Carneiro de Oliveira.

"Por isso, tratar precocemente a EM permite melhor controle sobre a evolução da doença, com menos surtos. E quando esses surtos acontecem, vêm em menor intensidade", complementa.

RECEIO - O impacto inicial do diagnóstico da esclerose múltipla pode gerar apreensão. Uma pesquisa realizada pela Bayer HealthCare Pharmaceuticals com 650 pessoas diagnosticadas com a enfermidade em 12 países, entre eles o Brasil, demonstrou que 8 entre 10 pessoas se sentiram ansiosas e confusas no momento do diagnóstico.

Os maiores medos desses pacientes: ficar inválido (65%) e se tornar um peso para a família (61%). Em relação à carreira, cerca de 60% dos entrevistados ficaram preocupados com a capacidade de executar o trabalho.

O diagnóstico positivo da doença também pode gerar inquietações quanto à vida afetiva, conforme a pesquisa. Entre os pacientes casados ou que namoravam, a preocupação era saber se o parceiro se tornaria um cuidador (45%) e se teria que assumir as suas responsabilidades (42%). Mais da metade dos entrevistados disseram que o parceiro foi sua maior fonte de apoio emocional (55%), seguido pelos amigos.

DIFICULDADE - A detecção precoce da enfermidade é importante, embora não seja simples. "Os sintomas da esclerose múltipla são semelhantes aos de outras patologias neurológicas e, por isso, é preciso afastar todas as hipóteses antes de fechar um diagnóstico", explica Roberto M. Carneiro de Oliveira.

Saiba mais

- Trata-se de uma doença que afeta o sistema nervoso central, com ativação de elementos do sistema imunológico do paciente contra suas próprias estruturas. Os medicamentos que podem modificar o curso da enfermidade são chamados imunomoduladores, como o betainterferona 1b, que reduzem os surtos e retardam a evolução da incapacidade neurológica.

- As causas da EM ainda são pouco conhecidas, mas estudos recentes sugerem a existência de uma predisposição genética, associada à influência de fatores ambientais.

- No mundo, estima-se que 2,5 milhões de pessoas convivam com a enfermidade, que geralmente acomete adultos entre 20 e 40 anos.