Doutor em comportamento vem ao Recife para alertar sobre pais tóxicos

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 16/07/2011 às 0:34

Por mais que seja duro acreditar, existem pais capazes de produzir efeitos nocivos nas crianças. É o que alega o psicólogo Julio Peres, que ministrará palestra sobre o tema, no dia 23 de julho, durante a 6ª Jornada Unimed Recife de Atualização em Pediatria.

Para o especialista, os chamados pais tóxicos têm o poder de agredir física e psicologicamente seus filhos, o que causa sequelas traumáticas que podem se arrastar por toda a vida.

E mesmo quando os pais alternam atitudes carinhosas e agressivas, o reflexo no desenvolvimento dos filhos ainda é negativo. Nessas situações, segundo Julio Peres, que é doutor em neurociência e comportamento pela Universidade de São Paulo (USP), a criança nunca sabe o que esperar e nem como agir.

"Ela manifesta com frequência o estado de alerta que pode provocar a ansiedade crônica", avisa. Lidar com a situação fica ainda mais complicado quando a agressão vem daqueles que deveriam dar amor e proteção. E as consequências disso são agressividade, dificuldade de aprendizado, rebeldia, timidez e um enorme sentimento de culpa.

Estudos mostram que, para os pais se comportarem dessa maneira, há diferentes explicações. "Há quem diga que os pais tóxicos agem assim porque criaram bloqueios para a construção de uma ligação afetiva com os filhos", diz o psicólogo, que é autor de Trauma e superação: o que a psicologia, a neurociência e a espiritualidade ensinam (Editora Roca, 316 páginas, R$ 79).

"Outra hipótese é que também tenham sido maltratados na infância, assimilando o sofrer como a forma de educar e passam de vítimas a agressores", acrescenta.

E para Julio, ainda há pais que admitem ter tal comportamento porque se veem como pessoas desprovidas de afeto. Nesse contexto, é importante salientar que as sequelas das humilhações e dos maus-tratos precisam ser tratadas para que a criança e o adolescente possam ter uma vida mais saudável.

O especialista informa que, para quem chegou à vida adulta traumatizado, a psicoterapia é um caminho. "Revisitar memórias traumáticas pode ter benefícios terapêuticos, desde que um processo adequado de reestruturação seja empregado", finaliza Julio Peres.

Saiba mais sobre o especialista: www.julioperes.com.br.

* Com informações da Floter & Schauff