Jovens apresentam consumo insuficien?te de nutrientes, diz pesquisa da USP

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 15/07/2011 às 1:11

Não mais espanta saber que crianças e jovens estão, cada vez mais, de ouvidos fechados para recomendações sobre alimentação balanceada.

Se por um lado alguns grupinhos só querem comer porcarias, há outros que literalmente travam uma guerra contra a comida porque desenvolvem um medo irracional de engordar um tantinho só.?

O resultado desse descontrole na dieta é a fome oculta - um estado em que os nutrientes (vitaminas e minerais) estão em falta no nosso corpo.

Essa questão foi apresentada por um estudo da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP). Eis a conclusão: a ingestão de nutrientes por jovens entre 14 e 18 anos, moradores da cidade de São Paulo, é insuficiente.

O levantamento mostrou que os 512 adolescentes avaliados apresentaram um consumo inadequado das vitaminas A, C e E (nutrientes que têm função antioxidantes no organismo) e dos minerais fósforo, magnésio e cálcio, responsáveis pela manutenção da saúde óssea.

"Se essa ingestão inadequada de nutrientes continuar a longo prazo poderá levar a um risco aumentado para o desenvolvimento de câncer, doença cardíaca e osteoporose. Essa constatação, no entanto, não é motivo para a suplementação vitamínica, e sim para a adoção de uma dieta equilibrada com a presença de frutas e vegetais", diz o nutricionista Eliseu Verly Junior, à frente da pesquisa.

A vitamina A é encontrada no brócolis, vegetais amarelos, como cenoura, e frutas, como mamão e manga, e no ovo. Já a vitamina C está em frutas cítricas; o fósforo, em carnes e leite; a vitamina E em óleos vegetais; o magnésio, em vegetais verde escuros; e a vitamina B6, no arroz integral, banana, ovos e carnes.

O pesquisador estudou o tema para desenvolver a dissertação do mestrado, intitulada Prevalência de inadequação da ingestão de nutrientes entre adolescentes do município de São Paulo.

Com base na análise dos dados coletados e nas recomendações internacionais de consumo de vitaminas e minerais, Eliseu Verly Junior constatou que a ingestão inadequada de nutrientes é maior em famílias cuja renda familiar per capita é inferior a um salário mínimo. Ao mesmo tempo, quando a renda é superior a um salário, ele observou uma menor ingestão inadequada de nutrientes.

Essa mesma tendência também foi observada quando o nutricionista analisou a escolaridade do chefe da família: quando este apresentava até oito anos de estudo, a ingestão inadequada de nutrientes pelos adolescentes era maior. E quando os anos de escolaridade eram superiores a oito anos de estudo, diminuía o número de jovens com ingestão inadequada de nutrientes.

Também foi constatada uma elevada ingestão de sódio por 99% dos meninos e 86% das meninas. "O limite máximo de ingestão diária de sódio é de 2.300 miligramas, valor encontrado em seus gramas de sal de cozinha. Apesar de essencial ao organismo, o consumo excessivo de sódio é prejudicial", conclui o pesquisador.