Mulheres podem driblar estresse oxidativo graças à bebida de farinha de uva

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 07/07/2011 às 22:46

A nutricionista Marcela Piedade Monteiro, sob a orientação da professora Elizabeth Torres, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP), abraçou uma pesquisa para o doutorado que teve como objetivo desenvolver um produto a partir de um subproduto do suco de uva. O estudo serviu para avaliar o benefício que o mesmo poderia trazer para mulheres saudáveis.

Eis o achado: uma bebida, elaborada a partir da farinha do bagaço da uva, mostrou que possui potencial para prevenir ou reduzir, no universo estudado, o estresse oxidativo e suas consequências. Entre elas, o envelhecimento precoce, doenças cardiovasculares e alguns tipos de cânceres.

Esse resultado oferecido pela bebida é explicado pela ação dos ácidos fenólicos - substâncias antioxidantes que protegem o organismo contra a ação de radicais livres que provocam várias enfermidades.

Para a obtenção da bebida, a pesquisadora utilizou uma farinha de bagaço de uva, que é um produto desenvolvido e patenteado pela doutora Emília Ishimoto e pela professora Elizabeth Torres, em 2008. A farinha é produzida com o bagaço, que é formado por cascas e sementes, obtido das uvas prensadas após a separação do líquido (suco concentrado) a ser engarrafado.

A produção da bebida ocorre a partir do acréscimo de água a aproximadamente 4,8% da farinha e da homogeneização feita por técnica industrial. Segundo a pesquisadora, essa bebida possui aparência semelhante ao suco de açaí.

O estudo também analisou a aceitabilidade da bebida. Para cada critério, a pontuação variou de 1 (desgostei muitíssimo) a 9 (gostei muitíssimo), sendo a média 6 (gostei ligeiramente). A bebida obteve nota igual a 6 em todos os quesitos, o que a definiu como aceitável.

PASSO A PASSO - A pesquisa envolveu 15 mulheres jovens e saudáveis. Inicialmente, foi feita a coleta de sangue como amostra para verificar as modificações ao longo das fases do estudo. A seguir, as mulheres foram divididas em dois grupos.

A primeira metade ingeriu, por 15 dias, a bebida de farinha. Posteriormente, não beberam nada que contivesse uva por 15 dias. Nos últimos 15 dias, ingeriram um suco comercial em pó de uva de baixa caloria, equivalente à bebida em estudo.

Já o segundo grupo intercalou o suco em pó, nada e a bebida. A cada etapa, o sangue era novamente coletado. Foi recomendado a todas as mulheres que não modificassem a dieta. Elas apenas não beberam mais nada que pudesse conter uva e interferir na análise.

O resultado mostrou que nenhuma modificação significativa pode ser percebida após a ingestão do suco em pó em relação à amostra controle de sangue. Já quanto à bebida, a melhora foi significativa no que se relaciona à capacidade antioxidante.

"Isso é muito bom porque indica que se pode contribuir na prevenção ou na redução de problemas relacionados ao estresse oxidativo, como envelhecimento precoce e doenças cardiovasculares", conclui Marcela Piedade Monteiro.