Novas diretrizes do câncer do colo do útero: rastreamento vai até 64 anos

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 04/07/2011 às 0:05

Com o apoio de outros órgãos do Ministério da Saúde, além da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e de sociedades médicas, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) lança hoje (4/7) as novas diretrizes para o rastreamento do câncer de colo do útero no Brasil.

O documento, divulgado durante o 14º Congresso Mundial de Patologia Cervical e Colposcopia, realizado na capital carioca, amplia a faixa etária da população a ser submetida ao exame preventivo. Antes, o rastreamento era dos 25 aos 59 anos. Agora, estende-se até os 64 anos.

O método de rastreamento do câncer do colo do útero e de suas lesões precursoras é o papanicolaou, exame popularmente conhecido como preventivo. O procedimento identifica lesões que antecedem o câncer e, dessa maneira, permite o tratamento antes que a doença se desenvolva.

As novas diretrizes recomendam que o intervalo entre os exames deverá ser de três anos, após dois exames negativos, com intervalo anual. Trata-se de um procedimento capaz de detectar lesões e infecções causadas pelo papilomavírus humano (HPV), que está associado ao câncer do colo do útero. Não significa que todas as mulheres com HPV desenvolveram esse tipo de tumor.

A coleta de material deverá ser feita a partir dos 25 anos de idade. Os exames preventivos devem seguir até os 64 anos e ser interrompidos quando, após essa idade, as mulheres tiverem pelo menos dois exames negativos consecutivos, nos últimos cinco anos.

Nos caso das mulheres com mais de 64 anos e que nunca realizaram o exame, a recomendação é fazer dois preventivos com intervalo de um a três anos. Se os dois resultados forem negativos, essas mulheres poderão ser dispensadas de exames adicionais.

Para a ginecologista Flávia de Miranda Corrêa, técnica da divisão de apoio à rede de atenção oncológica do Inca, a ampliação da faixa etária para o rastreamento do câncer do colo do útero segue a tendência internacional relacionada ao aumento da longevidade. Hoje, as brasileiras têm expectativa de vida de 76 anos.

As novas diretrizes fazem parte do Plano Nacional de Fortalecimento das Ações de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Câncer do Colo de Útero, do Ministério da Saúde, lançado em março pela presidente Dilma Rousseff. O plano prevê ainda um programa de capacitação de ginecologistas para padronizar o diagnóstico de acordo com as novas condutas.

O câncer do colo do útero é o segundo tumor mais frequente na população feminina, atrás apenas do câncer de mama. Também é a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Por ano, essa neoplasia faz 4,8 mil vítimas fatais e apresenta 18.430 novos casos, conforme as estimativas de câncer do Inca.