Nova medicação para hepatite C custará quase US$ 50 mil

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 28/05/2011 às 5:00

O novo medicamento Incivek (nome comercial do componente telaprevir), destinado ao combate da hepatite C e aprovado na última segunda-feira (23/5) nos Estados Unidos, terá preço de atacado de U$ 49.200 para a dosagem completa de tratamento, que supre um período de 12 semanas.

O Incivek e seu concorrente Victrelis (boceprevir), que aumentam para até 79% a chance de cura da hepatite, são a primeira safra de agentes antivirais diretos aprovados pela Food and Drug Administration (FDA), autoridade reguladora de medicamentos nos Estados Unidos.

Os dois medicamentos já estão em fase de análise na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa, órgão regulamentador de remédios no Brasil) e devem ser aprovados até o fim do ano. Fica a expectativa para que, no País, o Sistema Único de Saúde (SUS) consiga suprir a medicação a toda população que necessite de atendimento para combater a hepatite C.

Ambas as medicações são motivo de comemoração para a Associação Brasileira de Portadores de Hepatite (ABPH). O presidente da entidade, Humberto Silva, que recebe tratamento médico para a hepatite C, diz que observar uma verdadeira revolução na maneira com que a doença é tratada.

Há mais de 20 anos, o tratamento de hepatite C é realizado praticamente com os mesmos remédios (ribavirina e interferon), tomados em conjunto. Esses medicamentos não atacam diretamente o vírus, mas provocam o próprio metabolismo do corpo para produzir uma quantidade de defesas naturais direcionadas a combater as infecções.

Além disso, Humberto Silva esclarece que até hoje a resposta ao tratamento ainda é em níveis baixos, principalmente para quem tem a hepatite C do genótipo 1. Calcula-se que não mais do que 45% das pessoas tratadas, neste genótipo, consigam a cura. E a terapêutica atual é longa, de um ano de duração, com efeitos colaterais geralmente difíceis de suportar, como febre, dores musculares, depressão, vômitos, queda de cabelo e anemia.

Em relação ao Incivek e ao Victrelis, o médico deverá escolher um deles para o paciente e acrescentá-lo ao tratamento convencional com o interferon e a ribavirina. O Incivek, por exemplo, deverá ser administrado por um período de 12 semanas, junto aos outros dois tradicionais. Após a 12ª semana, o médico interromperá o novo remédio e seguirá apenas com os demais.

Tanto o Incivek como o Victrelis apresentam os mesmos efeitos colaterais: erupções cutâneas (feridas vermelhas na pele) e anemia.

Para Humberto Silva, além da chance de cura aumentar consideravelmente, o tratamento dos pacientes com os novos fármacos poderá ser reduzido pela metade do tempo, para até 60% das pessoas.

SOBRE HEPATITE C - Existem cerca de 200 milhões de pessoas com a doença no planeta. No Brasil, são cerca de 3 a 4 milhões. A enfermidade, que age por vários anos sem levantar suspeita, leva à cirrose, à falência hepática e até ao câncer de fígado. A hepatite C, inclusive, é responsável por 80% dos transplantes de fígado realizados no País.

Na ausência de uma vacina contra a doença, o melhor é optar pela prevenção, evitando principalmente o contato com sangue contaminado. Alguns dos cuidados passam por não compartilhar escovas de dentes, lâminas, tesouras ou outros objetos de uso pessoal, além de seringas e outros instrumentos usados na preparação e consumo de drogas injetáveis e inaláveis.

Outra recomendação importante é usar preservativos nas relações sexuais quando existem múltiplos parceiros. O sexo sem camisinha com uma pessoa infectada é a forma mais rara de infecção.

Os grupos de risco são indivíduos que receberam doação ou transfusão de sangue antes de 1992, profissionais de saúde e atletas, além daqueles que vão muito a dentistas, que tenham tatuagens e usuários de drogas injetáveis.

O ideal é que todas as pessoas, mesmo sem apresentar riscos, submetam-se a um teste rápido que pode detectar a doença. A Associação Brasileira de Portadores de Hepatite (ABPH) aconselha todos a pedirem uma requisição desse exame a um médico.

No mundo, há 3 milhões de pessoas contaminadas e que não sabem que estão doentes. Elas só poderão conter a doença se fizerem o teste.

SAIBA MAIS - Associação Brasileira de Portadores de Hepatite (www.hepatite.org.br) e Departamento de DST, aids e hepatites virais do Ministério da Saúde (www.aids.gov.br)

* Com informações da Bansen & Associados Comunicação