Sorriso novo: proteína inteligente é mais uma opção para quem precisa de implante

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 23/05/2011 às 0:10

Felizmente, está bem disseminada a importância de adotarmos bons hábitos de higiene bucal, fundamental para manter em dia a saúde dos nossos dentes e da nossa boca. Ainda assim, a incidência das doenças periodontais, que inflamam e destroem as estruturas que envolvem e sustentam os dentes, continua alta em todas as faixas etárias.

A necessidade de implante é uma realidade para as pessoas que perdem os dentes por causa de vários fatores - incluindo as doenças periodontais, que têm como uma das principais causas o acúmulo das bactérias.

Ah, vamos abrir um parêntese: chamamos de implante o cilindro de titânio capaz de funcionar como a raiz dental e trazer de volta sorrisos e mais sorrisos. É sobre o implante que são colocados um ou mais dentes artificiais (fortes e delineados).

Para que possamos compreender melhor, vale explicar que, quando se perde um dente natural, inicia-se um processo chamado perda óssea. O tecido ósseo vai mesmo desaparecendo – ou, como dizem os especialistas, sendo reabsorvido pelo organismo.

Quando isso acontece, uma das opções é o enxerto ósseo, que é um procedimento feito antes da colocação dos pinos de titânio e dos dentes artificiais. Mas outra opção, que tem se mostrado menos invasiva e que está na crista da onda por trazer bons resultados, é a aplicação da morfogenética tipo 2 (BMP-2), que estimula a formação do osso sem necessidade de enxertos.

O uso da BMP-2 (principal proteína para a regeneração óssea) nasceu através de um intenso trabalho de pesquisa na engenharia genética. Após o isolamento dessa proteína, estudiosos derivaram sinteticamente esse componente (rhBMP-2), também chamada proteína recombinante morfogenética tipo 2.

Sobre o uso dessa proteína inteligente na implantodontia, a odontóloga Nadja Lopes, coordenadora do curso de implantodontia da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da Associação Brasileira de Odontologia em Pernambuco (ABO/PE), conversou com o Casa Saudável.

* Confira os destaques deste bate-papo:

Uso da rhBMP-2 na implantodontia

"Existem vários artigos internacionais publicados sobre o assunto. Em abril deste ano, inclusive, estive num congresso na cidade da Filadélfia (EUA), somente com foco na BMP-2. O uso dela recebeu aprovação em 2007 da Food and Drug Administration (FDA). Em 2008, o procedimento foi liberado no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O meu primeiro caso de aplicação da rhBMP-2 foi em 14 de setembro de 2009, numa cirurgia em mandíbula no Real Hospital Português."

Proteína inteligente

"A proteína recombinante morfogenética tipo 2 (rhBMP-2) tem capacidade osseoindutiva - ou seja, ela ativa células da região que necessita de aumento do volume ósseo, a fim de instalarmos posteriormente os implantes. Essas células são transformadas em osteoblastos, que são as células produtoras de tecido ósseo."

Indicação da rhBMP-2

"Qualquer paciente que necessite de aumento de estrutura óssea pode usar a rhBMP-2. No entanto, há contraindicação para gestantes. Além disso, recomenda-se que a mulher que recebeu esta terapia não engravide até um ano após o tratamento. O uso da rhBMP-2 também não é indicado para mulheres em fase de amamentação, para os pacientes com infecção próxima à área da incisão cirúrgica e para as pessoas que estão sob terapia de radiação, quimioterapia e terapia com esteroides."

Bem menos sofrimento

"Pacientes com perda óssea, nas arcadas superior e inferior, podem usar a rhBMP-2 para regenerar todo o osso perdido. É um procediento que gera menos trauma e oferece mais chances de resultados, em comparação com outras terapias regenerativas, inclusive com aqueles que usam o osso do própio paciente. É raríssimo ocorrer rejeição ou efeitos adversos, com exceção para os casos em que o paciente apresenta hipersensibilidade ao rhBMP-2 ou ao colágeno bovino tipo 1, que é a esponja onde é colocada a proteína."

Técnicas convencionais de enxerto ósseo versus rhBMP-2

"A mais usada técnica, entre os procedimentos convencionais de enxerto ósseo, consiste na remoção de osso do própio paciente. É um osso que pode ser retirado da face, crista ilíaca, calota craniana, tíbia e até costelas. Em seguida, esse material é transportado para a área que precisa de aumento ósseo. Com a utilização da rhBMP-2, não precisamos usar o osso do própio paciente. Apenas preparamos a área receptora (aquela que percisa do aumento ósseo) para colocar a proteína. Dessa maneira, diminuímos o trauma, os riscos de infecção e o tempo cirúrgico."

Tempo de espera entre o procedimento e a colocação do implante

"Tantos nos enxertos convencionais como na técnica que usa esta proteína, o tempo médio de espera para formação e consolidação óssea é de seis meses. Após esse período, pode-se colocar o implante. A diferença é que, devido ao alto potencial de indução óssea da rhBMP-2, verificamos que o osso passa a ter uma maior qualidade após essa fase de espera, em comparação ao procedimento que utiliza osso do própio paciente."

rhBMP-2 pode ser para sempre

"Não existe prazo de validade para as reconstruções ósseas com a rhBMP-2. A tendência é que o novo osso, criado por essa técnica, passe a ser estimulado pelas cargas mastigatórias (através dos implantes), sem ser absorvido por toda vida."

Preço do procedimento feito com a rhBMP-2

"É difícil precisar os custos, pois tudo depende da quantidade de osso que é preciso regenerar. Os kits desta proteína são vendidos em vários tamanhos e, consequentemente, os preços variam muito. De qualquer maneira, o preço do procedimento com a rhBMP-2 é maior do que o do trabalho feito com enxerto ósseo tradicional. Afinal, esta proteína é um material altamente especializado, proveniente de uma técnica de recombinação genética."

Para saber mais sobre o uso da rhBMP-2 na implantodontia

Clínica Nadja Lopes Implantodontia:

Avenida Domingos Ferreira, nº 2.352, Boa Viagem - Recife/PE. F.: 81 3465-6044