Brincadeira deve ser parte do tratamento de jovens com transtornos mentais

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 18/05/2011 às 0:50

Geralmente, as medicações indicadas para o tratamento dos transtornos mentais não fazem efeito quando utilizadas sozinhas, especialmente entre a população infantojuvenil. Como benefício adicional, os médicos sugerem que o paciente recorra à psicoterapia ou a alguma outra alternativa capaz de reforçar a terapêutica medicamentosa.

Nesse sentido, a prática de atividades lúdicas tem demonstrado bons resultados diante de crianças e adolescentes com distúrbios psiquiátricos. 

E esse universo não é pequeno. Pesquisa recente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), mais de 12% das 2.002 mães entrevistadas relataram ter um filho com sintomas de transtorno mental importante, a ponto de necessitar tratamento ou auxílio especializado. O número equivale a cerca de 5 milhões de crianças e adolescentes brasileiros de 6 a 17 anos.

Os distúrbios psiquiátricos nessa faixa etária são o mote da quarta edição do workshop A descoberta do brincar e contar histórias na saúde mental, promovido pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (IPq-HC/USP) e pela Associação Viva e Deixe Viver, com apoio do Instituto C&A.

O objetivo do evento, que acontece nos dias 27 e 28 de maio, no próprio (IPq-HC/USP), é incentivar o exercício lúdico no tratamento dos distúrbios mentais apresentados por pacientes jovens. "Já está comprovado que o brincar traz inúmeras contribuições de caráter motor, intelectual, social e afetiva para as crianças e adolescentes com distúrbios mentais", informa o fundador-presidente do Viva, Valdir Cimino.

Ele destaca que, para essa prática ser estimulada em casa e em outros ambientes, a pediatra e hebiatra Marisol Montero Sendin (também psicanalista e ludoterapeuta do Serviço de psiquiatria da infância e adolescência do IPq-HC/USP) desenvolveu um manual específico, que será utilizado no minicurso oferecido durante o workshop.

O encontro também terá uma programação fixa de palestras e de oficinas opcionais, relacionadas com a arte do brincar. "Ainda há muitos questionamentos sobre a nossa atuação junto a crianças e adolescentes com estado emocional alterado por causa de um transtorno mental", diz Valdir Cimino.

De qualquer maneira, ele acredita que, ao compartilhar as conquistas do grupo, será possível conseguir quebrar barreiras e promover a qualidade de vida de quem convive com um distúrbio psiquiátrico.

Desde 2006, o IPq-HC/USP e o Viva desenvolvem pesquisa contínua sobre o brincar como atividade terapêutica nos tratamentos psiquiátricos de crianças e adolescentes. O estudo envolve pacientes do serviço de psiquiatria do hospital universitário e seus parentes.

Serviço:

4º Workshop A descoberta do brincar e o contar histórias na saúde mental

- Datas: 27 e 28 de maio

- Horário: a partir das 8h30

- Local: IPq-HC/USP - Sala Multiuso - 4º andar - Rua Dr. Ovídio Pires de Campos, 785 - São Paulo/SP

- Valores (palestra, minicurso e mais uma oficina a escolha por dia): Estudantes: R$ 50 / Profissionais: R$ 100 / Funcionários do (IPq-HC/USP e voluntários do Viva e Deixe Viver: R$ 40

- Informações e inscrições: www.vivaedeixeviver.org.br/ 11 3081-6343