Andropausa existe. E atinge 20% dos brasileiros com mais de 50 anos

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 18/05/2011 às 1:11

Assim como nós, mulheres, a população masculina também enfrenta queda hormonal com o avançar da idade. Nos homens após os 40 anos, há um decréscimo dos níveis de testosterona (hormônio masculino produzido nos testículos) de aproximadamente 1% ao ano.

A diferença é que, entre nós, há uma interrupção da secreção hormonal, chamada de menopausa. Nos homens, o que se observa é uma diminuição dos níveis de testosterona, mas não uma cessação. 

A esse quadro que pode acomentê-los, chamamos popularmente de andropausa - um conjunto de alterações que é conhecido, no meio médico, como distúrbio androgênico do envelhecimento masculino. A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) estima que esse transtorno atinge 20% dos homens com mais de 50 anos no Brasil.

Como mostrou a pesquisa Sexualidade e saúde masculina, realizada em 2010 pela SBU/Regional São Paulo, com apoio da Bayer HealthCare Pharmaceuticals, pouco mais da metade dos 3 mil entrevistados (52,31%) tinham conhecimento das alterações relacionadas ao próprio envelhecimento e afirmaram saber que a andropausa atinge homens na maturidade.

Outro dado levantado na pesquisa foi que 65,60% dos participantes disseram já ter ouvido falar do problema. A questão é que, apesar de muitos homens estarem informados sobre a queda hormonal, há quem não saiba corretamente quando o organismo fornece pistas da baixa da testosterona.

Entre os sintomas comuns, que tendem a aparecer em quem desenvolve o distúrbio androgênico do envelhecimento masculino (ou andropausa), estão diminuição da libido (desejo sexual), disfunção erétil, diminuição da massa e da força muscular, aumento da gordura abdominal ou visceral, diminuição da densidade mineral óssea, sonolência, alterações cognitivas e de humor.

Diante de sinais como esses, o homem deve procurar um urologista, habilitado para fazer uma análise das queixas e solicitar exames laboratoriais - um destes testes, afere os níveis de testosterona no sangue.

Se o diagnóstico da andropausa for fechado, o médico deve conversar com o paciente para informar sobre a necessidade de tratamento, que reequilibrar os níveis hormonais, melhora a qualidade de vida e o relacionamento a dois.

Entre as opções atuais, está a terapia hormonal à base de undecilato de testosterona, administrada por injeções intramusculares trimestrais. O objetivo do tratamento é manter a estabilidade dos níveis hormonais e auxiliar no alívio dos sintomas da andropausa.

Nunca é demais frisar que essa terapêutica só pode ser prescrita por um médico habilitado e que nem todos os homens com queda de taxa hormonal têm indicação para seguir essa terapia.

Risco de câncer?

Como mostra um texto sobre distúrbio androgênico do envelhecimento masculino, assinado por especialistas da SBU, a reposição hormonal masculina não causa câncer de próstata e já existem várias pesquisas clínicas que comprovam esse fato.

Se o homem, contudo, for portador de um tumor maligno da próstata (mesmo que inicial) não deve se submeter ao procedimento, já que a neoplasia poderá progredir por causa da reposição.

Obrigatoriamente, antes de iniciar a terapia com hormônio masculino, o paciente deverá ser investigado para o médico analisar se existe a possibilidade ou não da presença de câncer de próstata. Após afastada qualquer chance desse tipo de tumor, poderá ser iniciada a terapia de reposição.