Estudo do HCor, em São Paulo, revelou doenças mais frequentes nos fumantes

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 16/05/2011 às 14:00

Ao realizar um levantamento inédito, o serviço de psicologia do Hospital do Coração (HCor), em São Paulo, identificou as doenças mais frequentes nos pacientes internados que são fumantes. Durante a pesquisa, foram avaliados 89 pessoas - destes, 30% foram mulheres e 70%, homens.

Eis os resultados: 51% deles apresentam pressão alta, 44% têm taxas irregulares de colesterol, 33% tinham sofrido infarto e derrame e 8% convivem com diabete.

Preocupante foi saber que 80% dos participantes do estudo não manifestaram interesse em realizar o tratamento para abandonar a dependência do cigarro - fator de risco para o coração.

O levantamento revelou ainda que a maioria dos fumantes entrevistados possui idade entre 46 a 56 anos (32%), 57 a 67 anos (27%) e 68 a 78 anos (22%). Dos entrevistados, 43% fumam de 11 a 20 cigarros por dia e a média do tempo dos fumantes entrevistados é de 36 anos.

Vale frisar que o risco relativo do cigarro aumenta conforme o número de anos que o paciente fuma. Acima de 60 anos, o risco de infarto agudo do miocárdio é de 25% e abaixo desta idade o risco é de 45%. O paciente infartado que volta a fumar tem um alto índice de recidiva da doença cardíaca.

O tabagismo é um dos seis maiores fatores de risco isolados para o desenvolvimento de doenças cardíacas. Os outros cinco são colesterol alto, hipertensão, sedentarismo, obesidade e diabete. Por si só, o fumo aumenta a pressão arterial e a tendência de formação de coágulos sanguíneos, além de diminuir os níveis de colesterol bom, chamado de HDL.

A responsável pelo serviço de psicologia do HCor, Silvia Cury Ismael, informa que o levantamento mostrou que o fumante não pode ser tratado apenas com medicação. "Conseguimos verificar que o apoio psicológico é fundamental a esse paciente", diz.

Para se livrar da dependência, o fumante que já caiu nas garras do cigarro não deve recorrer apenas a um tipo de tratamento. Segundo Silvia Cury, a dependência química é apenas um dos fatores que desestimulam o paciente. "Estresse e ansiedade também atrapalham. Quem não aprende a lidar com as situações de estresse e ansiedade terá provavelmente uma maior chance de recaída."

Existem ainda os gatilhos, como fumar após as refeições, após o café, ao dirigir, ao telefone, no computador e durante as atividades intelectuais. Por isso, é fundamental que o paciente modifique a rotina e conte com um acompanhamento de vários especialistas para resistir às recaídas.

No HCor, há um programa de cuidado integral ao fumante formado por grupos de seis a dez pessoas que se reúnem uma vez por semana, durante três meses. A atividade tem alcançado êxito. Logo após o tratamento, por exemplo, cerca de 80% dos pacientes permanecem em abstinência. Após um ano, 53% continuam sem fumar, o que diminui consideravelmente os riscos de doenças cardiovasculares, hipertensão, câncer de diversos tipos e diabete, além de outras enfermidades.

* Com informações da Target Consultoria em Comunicação Empresarial, assessoria de imprensa do HCor