Mais de 80% do público infantojuvenil já se queixaram de dor de cabeça

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 02/04/2011 às 14:00

O percentual é alto: 81,2% das crianças e dos adolescentes já sentiram dor de cabeça ao menos uma vez na vida. Destes, 39% apresentam dor de cabeça crônica, sendo a enxaqueca a causa mais frequente. Esses dados são de uma pesquisa nacional realizada pelo neurologista infantil Marco Antônio Arruda, membro da Sociedade Brasileira de Cefaléia (SBCe).

Preocupante é que a enxaqueca não causa apenas desconforto para a garotada, mas também aumenta o risco desse público apresentar depressão e ansiedade. "São doenças que andam juntas numa proporção maior do que esperado na população geral. São condições deflagradas por alterações de neurotransmissores que são mensageiros químicos do cérebro", explica Arruda.

Segundo o neurologista, os portadores de enxaqueca apresentam anormalidades em neurotransmissores como a serotonina e a noradrenalina, que também se encontram relacionados a quadros de depressão e ansiedade. Dessa maneira, crianças e adolescentes com enxaqueca apresentam um risco quatro vezes maior de terem sintomas de depressão e ansiedade do que aqueles que não têm enxaqueca.

Com base na Sociedade Internacional de Cefaléia, podemos dizer que existem 196 causas diferentes de dor de cabeça. Deste número, de acordo com Marco Antônio Arruda, 113 já foram relatadas em crianças e adolescentes. O problema abrange desde causas benignas, como a dor de cabeça provocada por uma simples febre, até causas graves, como os tumores cerebrais e aneurismas - felizmente raras na infância.

"Quanto mais nova a criança, mais dificuldades se têm para identificar o motivo da dor de cabeça. Afinal, nessa faixa etária, há dificuldades em descrever as características da dor", continua o neurologista, que dá dicas para os pais consiguirem identificar as características da dor de cabeça dos filhos. Assim, é possível ajudar o médico a diagnosticar a causa do incômodo e o tratamento mais adequado.

* Confira as recomendações:

- Anotar em um calendário com que frequência a criança se queixa de dor de cabeça e qual a duração das crises, quando ela toma ou não um analgésico  

- Tentar graduar a intensidade dessa dor (dor leve, a criança continua brincando; dor moderada, ela para de pular e fica mais quietinha; e dor forte, ela deita-se ou chora)

- Procurar observar se a dor de cabeça piora com o esforço físico

- Observar se há sintomas que acompanham a dor, como náusea, vômitos, aversão à luz, barulho ou odores.

Ah, Marco Antônio Arruda ainda alerta sobre o risco do abuso de analgésicos nessa idade. "Em nosso meio, parece que os pais são mais permissivos quanto ao uso de analgésicos pela criança. É preciso evitar isso, pois o excesso dessas medicações, caracterizado por duas ou mais tomadas por semana, pode agravar uma dor de cabeça ao invés de aliviá-la", finaliza o médico.

* Com informações da Trixe Comunicação Empresarial