Campanha do Ministério da Saúde mobiliza mulheres na prevenção da aids

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 27/02/2011 às 15:08

Lançada na última sexta-feira (25), a campanha do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde para o Carnaval de 2011 tem como ponto principal a ousadia, a fim de atingir as jovens entre 15 e 24 anos. A ideia é que as mulheres possam incentivar o parceiro a usar a camisinha nas relações.

A medida tem como meta fazer do universo feminino um aliado da saúde para sensibilizar a geração atual a se cuidar e fazer sexo protegido. A campanha também tem como foco a testagem do HIV.

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"As meninas entre 15 e 19 anos estão entre os grupos mais vulneráveis ao HIV/aids. Por isso, a campanha busca dialogar com essas mulheres e meninas. Para fazermos esta campanha, pesquisamos o que elas sentem. E elas sentem que, se pedem para usar camisinha, vão ser mal vistas; têm medo de perder o namorado e o carnaval", disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, no lançamento.

No lançamento da campanha, o ministro submeteu-se ao teste rápido para diagnóstico do HIV. A intenção foi mostrar à sociedade a importância de um simples furo no dedo para o diagnóstico precoce da doença. "Não dói, é sigiloso, rápido e seguro", ressaltou Padilha.

O cantor pernambucano Reginho, autor da música "Minha mulher não deixa não", também participou do lançamento. O ritmo vai embalar os jingles da campanha do Ministério da Saúde neste Carnaval. Entre outros detalhes, a ação exalta a participação das jovens na negociação do uso do preservativo, demonstrando que o insumo pode ser um aliado na relação.

Veiculadas nos meios de comunicação durante a maior festa popular brasileira, as peças serão voltadas principalmente às mulheres de baixa renda. Pela primeira vez, a campanha é dividida em três filmes, a serem transmitidos pela TV e internet em momentos distintos.

No primeiro, antes do carnaval (até 4 de março), um grupo de amigas lembra a importância de ter a camisinha. No segundo, durante a festa (de 5 a 8 março), elas reforçam o uso do preservativo na hora da relação. Na veiculação do terceiro filme (9 a 20 de março), o mesmo grupo de meninas se encontra depois da folia e orienta quem fez sexo desprotegido a realizar o teste de aids.

(Clique aqui e saiba mais sobre HIV/aids)

Mais meninas com aids - O alerta ao público jovem sobre vulnerabilidades ao HIV/aids ampara-se em dados epidemiológicos do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais da Secretaria de Vigilância em Saúde. De acordo com o Boletim Epidemiológico 2010, os casos de aids em homens e mulheres jovens, de 13 a 19 anos, de 1980 até junho de 2010, correspondem a um total de 12.693.

Nessa faixa etária, o número de casos de aids é maior entre as mulheres: oito casos em meninos para cada dez em meninas, enquanto que nas demais faixas etárias o número de casos de aids é maior entre homens do que entre mulheres.

Em relação ao uso da camisinha, a pesquisa de Conhecimentos, atitudes e práticas da população brasileira (PCAP - 2008) mostra que, entre jovens de 15 a 24 anos, as meninas estão mais vulneráveis ao HIV. Em todas as situações, os meninos usam mais preservativo do que elas.

Na última relação sexual com parceiro casual, o percentual de uso da camisinha entre as meninas é consideravelmente mais baixo (49,7%) do que entre os meninos (76,8%). Quando o relacionamento se torna fixo, apenas 25,1% delas utilizam a camisinha com regularidade; entre eles, o percentual é de 36,4%.

Fique sabendo - O teste rápido do Fique Sabendo, para diagnóstico do HIV, pode ser feito nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA). Antes e depois da testagem, a pessoa passa por aconselhamento e orientação, com o objetivo de facilitar a interpretação do resultado.

O teste deve ser feito no mínimo 30 dias após a situação de risco. Se o resultado for positivo, a pessoa pode fazer acompanhamento nos serviços de saúde e começar o tratamento no momento mais adequado. Esse cuidado se reflete na qualidade de vida de quem vive com HIV/aids.

A recomendação vale para relação sexual desprotegida (inclusive sexo oral) e uso de seringas ou agulhas compartilhadas. As mulheres que desejam engravidar são aconselhadas a conhecer sua condição sorológica. A medida pode evitar a transmissão vertical do HIV e das hepatites (de mãe para filho). Mulheres com resultado positivo que iniciam o tratamento o quanto antes têm menos chances de passar as doenças para o bebê.

Estimativas do Ministério da Saúde indicam que existem hoje no Brasil cerca de 630 mil pessoas vivendo com o vírus da aids. Dessas, 255 mil nunca teriam feito o teste e por isso não conhecem sua sorologia.