Vai malhar? Não esqueça o frequencímetro

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 14/02/2011 às 14:00

Monitor cardíaco é um aliado da boa prática de exercícios

* Por Dr. Américo Tângari Junior

Cada pessoa é única. A máxima vale tanto em seu sentido mais amplo, humanista, como sob o prisma médico-científico. Quanto a este último, as diferenças entre os indivíduos são particularmente relevantes. Os avanços da medicina moderna já identificam com clareza que as pessoas diferem em inúmeras características como tamanho do coração, massa muscular, diâmetro ósseo, tipo de fibra muscular, distribuição de gordura, flexibilidade, entre tantas outras particularidades.

Por outro lado, são reconhecidas as vantagens dos exercícios físicos periódicos para a saúde. Sabe-se igualmente que, em razão das diferenças individuais, a avaliação médica é imprescindível na prática de tais exercícios, bem como seu acompanhamento.

É notório que alguns obtêm mais rapidamente os objetivos a que se propõem quando se dedicam a atividades físicas em poucas semanas, em alguns casos, enquanto outros têm de suar durante meses para obter resultados idênticos.

Daí a importância de cada pessoa conhecer e respeitar suas características e seus limites. A boa notícia é que a medicina conta hoje com equipamentos capazes de evitar indesejável sobrecarga sobre o organismo, eventual estresse ou demanda maior que o parâmetro adequado a cada organismo, impedindo assim comprometimento sobre o sistema fisiológico, ou mesmo, a função cardíaca.

Há inclusive padrões e regras consagradas e cientificamente comprovadas para que, respeitadas as diferenças individuais, seja possível alcançar os inegáveis benefícios dos exercícios físicos sem colocar em risco a saúde do praticante.

Só para citar alguns exemplos, já está estabelecido pela literatura médica que pessoas obesas, hipertensas ou com moléstias cardíacas devem priorizar a caminhada como exercício, três vezes por semana, por período de 40 minutos e buscando manter de 50% e 70% da frequência cardíaca máxima.

No passado, seguir recomendações como essas envolvia um conjunto de dificuldades. Atualmente, porém, a medicina e os indivíduos podem contar com uma moderna e acessível tecnologia, assim como profissionais gabaritados para a prática segura da atividade física que, recomendável em qualquer caso, agrega benefícios à saúde, prazer, alegria e aumento da autoestima.

Um desses equipamentos é o monitor cardíaco, conhecido tecnicamente como frequencímetro. Antes restrito ao uso por atletas profissionais em corridas ou mesmo caminhadas de grande esforço, o sensor atualmente se torna acessível a grande número de pessoas – deixou de ser privilégio dos profissionais do esporte para se tornar um poderoso aliado a todos os que buscam a boa, segura e saudável prática de exercícios físicos.

Não por outra razão é recomendado pelos médicos a indivíduos que se submeteram a cirurgias cardiovasculares ou têm propensão a alguma doença neste órgão crucial para uma vida de plena saúde. Entretanto, e embora não haja contraindicação para o monitoramento cardíaco por aparelhos, a prescrição de um médico para cada caso é crucial.

É este profissional que está apto para determinar, em cada caso específico, qual o risco de se manter o batimento cardíaco acima da frequência máxima ou, ao contrário, apontar quando a manutenção deste parâmetro em nível muito baixo pode tornar a prática do exercício absolutamente inócua.

O fato a se comemorar é que, graças à tecnologia, a salutar prática dos exercícios físicos se torna cada vez mais acessível a um grupo crescentemente amplo de pessoas. E o melhor é que este avanço não para. Em breve, as pessoas poderão fazer o monitoramento da frequência cardíaca a elas indicada utilizando seus próprios celulares. 

Com isso, multiplicam-se as possibilidades de aumento da qualidade de vida de parcelas mais abrangentes da população, reduzem-se os riscos inerentes às peculiaridades e limitações de cada individuo e, principalmente, assegura-se a popularização de práticas como a dos exercícios que produzem incontáveis benefícios à saúde pública.

Américo Tângari Junior é especialista em cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e Associação Médica Brasileira. Integra a equipe de cardiologia no Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo