Síndrome do ovário policístico atinge até 7% das brasileiras

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 14/02/2011 às 12:00

Quem é mulher provavelmente já ouviu falar na síndrome do ovário policístico (SOP), que atinge mulheres jovens, em idade reprodutiva, e se caracteriza por um distúrbio hormonal que leva ao aparecimento de inúmeros cistos foliculares na superfície dos ovários. Esse problema acarreta a elevação dos níveis de hormônio masculino (androgênios) no organismo feminino.

Eis a consequência dessa situação: a mulher pode deixar de ovular todos os meses, apresentando as manifestações mais precoces da condição: irregularidade menstrual, surgimento de acne e seborreia, aumento do volume de pelos no corpo (chamado hirsutismo) e cólicas exacerbadas. Com o passar do tempo, ainda podem surgir outras complicações como obesidade, resistência à insulina, diabete tipo 2, distúrbios psicológicos e comportamentais, além do aumento do risco cardiovascular.

A SOP, vale frisar, atinge de 4% a 7% das brasileiras, segundo estudos mais recentes. “O ovário policístico é uma síndrome da atualidade e pode estar associada a outras patologias como a síndrome metabólica e as dislipidemias, que são as alterações dos níveis de gorduras no sangue”, explica a médica Angela Maggio da Fonseca, professora associada e livre-docente do departamento de obstetrícia e ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM/USP).

Segundo a especialista, a SOP pode provocar a redução da fertilidade da mulher: cerca de 15% dos casos de esterilidade feminina causada por problemas no ovário estão relacionados com a síndrome. “Trata-se de uma das maiores causas de infertilidade por problemas ovarianos”, afirma Angela.

Mas essa não é uma situação irreversível. O histórico médico revela que muitas mulheres acabam engravidando espontaneamente. Mesmo quem não consegue uma gestação de forma espontânea pode engravidar após um período de tratamento com medicamentos específicos e indutores de ovulação.

De acordo com a médica, o diagnóstico da síndrome é clínico e confirmado a partir da ausência de ovulações mensais e sinais de aumento do hormônio masculino no organismo.  Contudo, para a comprovação da patologia, é necessário realizar os exames complementares de ultrassonografia e de dosagem hormonal.

TRATAMENTO DA SOP

A partir do diagnóstico positivo, o médico define com a paciente o tratamento que será seguido. Caso a intenção seja a melhora do ciclo menstrual e da pele, pode-se optar por métodos de tratamento hormonal que apresentem substâncias androgênicas, como o acetato de ciproterona ou a drospirenona (princípios ativos de alguns contraceptivos orais de baixa dosagem).

Quando a mulher deseja engravidar, o tratamento pode abranger medicamentos indutores da ovulação. No entanto, para todos os casos, algumas medidas são essenciais: orientação para uma dieta saudável, rotina de atividades físicas e cuidados estéticos (depilação e tratamentos da acne), que contribuem para a melhora dos aspectos físicos e psicológicos relacionados à SOP.

Para as pacientes acima do peso, emagrecer é muito importante para o sucesso do tratamento. “Muitas vezes, apenas com a redução da massa corpórea, é possível reverter o quadro de disfunção hormonal e normalizar o ciclo menstrual”, finaliza Angela Maggio da Fonseca.

* Com informações da Burson-Marsteller