Viaje com saúde para não ficar a ver navios

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 09/01/2011 às 23:12

Dia desses, a querida Naíde Nóbrega (@naidenobrega) me convidou para escrever um texto sobre os cuidados que devemos ter com a nossa saúde antes e durante uma viagem.

As minhas reflexões sobre o assunto estão na primeira Mon Quartier (@mon_quartier) de 2011. No formato eletrônico da revista, confira a matéria nas páginas 24 e 25: https://goo.gl/d5plL. Se quiser ler apenas no formato texto, veja abaixo.

Recomendo ainda acessar o site da Mon Quartier e fazer o cadastro para receber gratuitamente as suas edições em casa. Ou escreva para [email protected]. Vale a pena se deliciar com a revista, sempre textos caprichosos e atraentes.

Viaje com saúde para não ficar a ver navios

Por Cinthya Leite (especial para a Mon Quartier)

Férias rimam com viagem, concordam?!? Não me vejo ficar de pernas pro ar sem conhecer novos lugares. O problema é que nem todo mundo faz uma reflexão sobre as condições de saúde enquanto se prepara a mala. Para nocautear qualquer contratempo que pode dar as caras quando estamos longe de casa, vale a pena pensar um pouquinho no nosso bem-estar.

Sempre fico atenta, por exemplo, às condições gerais de saúde de minha avó antes do embarque ou dias antes de pegarmos a estrada. Por um simples motivo: em qualquer situação que difere das condições em que os idosos vivem no dia a dia, é preciso cautela.

Mas esse cuidado não deve ser valorizado apenas por quem passa pelo envelhecimento. Várias outras pessoas precisam abrir os olhos antes de viajar - seja de carro ou de avião. Entre elas, estão portadores de doenças respiratórias e cardiovasculares, como também indivíduos que passaram por cirurgia abdominal, que possuem transtornos psiquiátricos, além de gestantes e crianças.

E mais: quem é susceptível a ter enjoo durante um trajeto de carro, ônibus ou avião deve evitar a ingestão excessiva de líquidos, comida gordurosa, condimentos e refrigerantes que podem facilitar o aparecimento da indisposição.

Essas advertências são tão sérias que recentemente a câmara técnica (CT) de medicina aeroespacial do Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou recomendações aos médicos, passageiros e tripulantes de empresas aéreas.

Todas as informações ajudam qualquer um de nós a evitarmos o agravamento de quadros de saúde preexistentes durante o deslocamento aéreo ou terrestre. E até marítimo. E por falar em mar, eu não devo passear de lancha sem antes tomar um antiemético (remédio que evita o vômito), sempre prescrito por um médico.

Mas voltando a viagens de avião, não dá para deixar de mencionar o que o coordenador da CT do CFM, Frederico Henrique de Melo, contou durante uma conversa que tive com ele. "Infelizmente, há pessoas que viajam e nem desconfiam de que têm um problema de saúde, com chances de piora durante o trajeto de avião." Segundo ele, as normas do CFM precisam ser difundidas entre a população, que deve ter cuidados especiais durante um trajeto aéreo.

No caso das gestantes, por exemplo, recomenda-se que elas evitem voos longos. E a partir da 36ª semana, a mulher grávida deve apresentar declaração do médico que autoriza a viagem. Já após a 38ª semana, ela só pode embarcar acompanhada dos médicos responsáveis. Essas advertências fazem com que eu me lembre de uma passageira grávida que deixou de fazer o voo Recife/Paris porque estava sem um registro do médico responsável. Recordo que ela se irritou bastante.

De acordo com o coordenador de medicina das TAM Linhas Aéreas, Marco Cantero, membro da CT do CM, nem todo mundo compreende as exigências. "Existe passageiro que discute com a tripulação quando é impedido de voar por questões de segurança", argumenta Marco. Ele enfatiza que viajar de avião não é a mesma coisa do que passear de ônibus. E o motivo é compreensível: na aeronave, há menos umidade relativa do ar e a quantidade de oxigênio é menor do que no solo. Muitas pessoas se adaptam bem a essa condição, mas há quem não se sinta confortável.

E para aqueles que ficam nervosinhos antes de embarcar, uma dica é primordial: nada de tomar remédio a torto e a direito para driblar a ansiedade. Que tal, antes de encarar a medicação, recorrer a atividades relaxantes, como ouvir música, ler um livro, fuçar o notebook ou o iPad?

Mas se tiver que usar um comprimido, nada de fazê-lo sem recomendação de um especialista. Sabe por quê? Confiar na automedicação também é um perigo nos ares. "Principalmente durante os voos, há calmantes que podem favorecer o desenvolvimento de depressão respiratória, que é a diminuição da capacidade respiratória", alerta Marco Cantero.

Diante de tantos conselhos, não dá mesmo para bobear. Afinal de contas, ninguém quer ficar a ver navios durante a viagem dos sonhos. Ah, e quem deseja saber mais sobre o assunto não pode deixar de acessar o link do CFM sobre as novas medidas. É só espiar e fazer uma boa viagem: https://goo.gl/ItOes.