Uso da contracepção de emergência requer conhecimento e responsabilidade

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 29/12/2010 às 1:00

Popularmente conhecida como pílula do dia seguinte, a anticoncepção de emergência ainda é pouco conhecida entre os jovens. É o que mostra uma pesquisa publicada na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz.

O estudo mostrou que 96% dos consultados já tinham ouvido falar sobre esse tipo de contracepção, mas apenas 19% sabiam para quais situações ele é indicado. Além disso, 35% deles consideravam o método abortivo e 81% achavam que traz riscos à saúde.

Uma coisa é certa: a pílula do dia seguinte, cuja temática deve ser abordada pelos ginecologistas durante as consultas e até mesmo pelos pais, não é a mesma coisa do que o anticoncepcional convencional - aquele comprimido usado no dia a dia e que requer intervalo de sete ou quatro dias entre uma cartela e outra.

"A antioncepção de emergência é o método que previne gravidez após a relação sexual desprotegida e pode ser uma estratégia interessante para diminuir a incidência de gravidez indesejada e as taxas de aborto ilegais entre adolescentes", comentam os pesquisadores. "Embora a contracepção de emergência seja um assunto polêmico, trata-se de um método seguro, tanto do ponto de vista dos riscos à saúde como em relação aos aspectos comportamentais".

Segundo os estudiosos, alguns profissionais de saúde seriam contra o método porque ele poderia promover comportamento sexual irresponsável. No entanto, diversos estudos já teriam assinalado o contrário. "É um método efetivo, com indicações reservadas a situações especiais ou de exceção, cujo objetivo é prevenir a gravidez inoportuna após a relação sexual que, por alguma razão, foi desprotegida, oferecendo a adolescente uma segunda chance de evitar uma gestação não desejada", elucidaram os estudiosos.

"Observou-se neste trabalho que a média de vezes que as meninas utilizaram a concepção de emergência ficou próxima de duas (78% usaram até duas vezes), não parecendo, portanto, que as adolescentes utilizam o método como substituto de outros", acrescentam.

Os resultados também indicaram que menos da metade dos estudantes (40,7%) sabiam que a anticoncepção de emergência deveria ser usada até 72 horas do intercurso sexual desprotegido e cerca de 48% dos entrevistados achavam que a mulher tinha de 24 a 48 horas para usá-la.