Programa educativo alerta em relação à deficiência visual

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 17/12/2010 às 14:30

Segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB), o número de pessoas com deficiência visual deve dobrar até 2020 no mundo, em relação ao ano de 2000. Só no Brasil, calcula-se que exista uma prevalência de 45 milhões de casos - e uma incidência anual de novos casos de 570 mil só de catarata, que é a principal causa de cegueira.

Preocupado com essa realidade, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) lança o Programa de incentivo à educação do paciente, cujo objetivo é prevenir a deficiência visual e levar a saúde ocular para toda a população brasileira. Como forma de disseminar mensagens sobre o assunto, o CBO também distribuirá um kit com material educativo e apresentações para realização de palestras. Nele, há duas cartilhas com informações para a população sobre maneiras de evitar acidentes oculares mais comuns e sobre a importância dos cuidados com a visão nas diferentes fases da vida.

 "A ideia é incentivar e potencializar a discussão do assunto com os pacientes como forma de prevenção e diagnóstico precoce das doenças que mais podem causar a cegueira", diz o presidente do CBO, o médico Paulo Augusto de Arruda Melo, que acrescenta: "Dessa maneira, esperamos promover a atenção e a conscientização da população quanto à importância de ações preventivas em doenças passíveis de controle e tratamento, com potencial de cegueira irreversível, como o glaucoma e a retinopatia".

Aumento do número de portadores de deficiência visual no Brasil

O perfil dos portadores de deficiência visual no mundo tem mudado por causa de vários fatores como a melhora das condições de vida de diferentes populações, os avanços científico e tecnológico, a evolução da oftalmologia e o aumento da proporção de pessoas que recebem assistência oftalmológica e outros cuidados com a saúde. 

"Essa evolução prolongou a expectativa de vida e, como consequência, percebe-se um aumento da população de idosos e de doenças oculares, especialmente as degenerativas. Assim, o envelhecimento das populações está associado a um aumento do número de pessoas cegas e portadoras de deficiência visual", analisa o presidente do CBO.

No Brasil, considera-se que as causas mais importantes de deficiência visual são a catarata, o glaucoma, as sequelas de traumatismos, a retinopatia diabética e a degeneração macular relacionada à idade. Vale frisar que a pessoa que possui baixa acuidade visual tende a apresentar diminuição da autoestima, depressão, maior probabilidade de trauma por quedas, produtividade diminuída e gastos extras para a família, a comunidade e o Governo.

"A iniciativa do CBO tem como objetivo contribuir para a redução drástica da cegueira evitável até o ano de 2020 e fornecer uma estrutura para coordenar o controle da deficiência visual mundial de maneira adequada, com participação do IAPB", explica Arruda Melo.

Doenças que podem levar à deficiência visual

Catarata: É definida como qualquer opacificação do cristalino que atrapalhe a entrada de luz nos olhos, acarretando desde a diminuição da visão até a cegueira. Aproximadamente 85% das cataratas são classificadas como senis, com maior incidência na população acima de 50 anos, mas o problema também pode acometer crianças. Por isso, é importante manter a rotina do exame oftalmológico. A correção cirúrgica é a única opção para recuperação da capacidade visual do portador de catarata. 

Glaucoma: Doença ocular que provoca lesão no nervo óptico e campo visual, o que pode levar à cegueira se não tratada. Na maioria dos casos, vem acompanhada de pressão intraocular elevada. Em geral, o tratamento é feito com colírios. A cirurgia se torna opção quando o tratamento clínico não apresenta resultados satisfatórios. O glaucoma pode ser congênito (é quando o recém-nascido apresenta globos oculares aumentados e córneas embaçadas), secundário (ocorre como consequência de cirurgia ocular, da diabete, de traumas ou do uso de corticóides) e crônico (costuma atingir pessoas acima de 40 anos de idade). Se a doença não for tratada, leva à cegueira. Por isso, o exame oftalmológico anual é fundamental para detecção e tratamento precoce. 

Retinopatia diabética: A diabete é uma doença progressiva que afeta, entre outras áreas do corpo, os vasos sanguíneos do olho. As pessoas que tem diabete apresentam um risco de perder a visão 25 vezes maior do que os indivíduos que não têm taxas de açúcar fora do controle no sangue. De acordo com a OMS, a retinopatia diabética atinge mais de 75% das pessoas que têm diabete há mais de 20 anos. O controle cuidadoso da doença, com uma dieta adequada e acompanhamento médico, é a principal forma de evitar o desenvolvimento da retinopatia diabética. Para manter a boa saúde ocular, portadores de diabete devem passar rotineiramente por uma consulta oftalmológica.

Degeneração macular relacionada à idade (DMRI): Ocorre geralmente depois dos 60 anos e afeta a área central da retina (mácula). A DMRI causa baixa visão central (mancha central, o que dificulta principalmente a leitura. Os danos à visão central são irreversíveis, mas a detecção precoce e os cuidados podem ajudar a controlar alguns dos efeitos da doença.

* Com informações da Ricardo Machado Comunicação