Esclerose múltipla: informe-se sobre a doença

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 17/12/2010 às 0:10

É importante alertar a população sobre a importância de se conhecer a esclerose múltipla, que atinge cerca de 2,5 milhões de pacientes no mundo. No Brasil, a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem) estima que sejam mais de 30 mil portadores - deste total, apenas cinco mil recebem tratamento adequado devido à demora no diagnóstico.

O neurologista Denis Bichuetti, membro da Academia Brasileira de Neurologia e médico do setor de neuroimunologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), esclare algumas questões.

O que é esclerose múltipla?

Dr. Denis Bichuetti: A esclerose múltipla (EM) é uma doença inflamatória autoimune do sistema nervoso central, que provoca dificuldades motoras, sensitivas e visuais, além de comprometer a qualidade de vida dos pacientes. Os danos cognitivos são comuns em pacientes diagnosticados com EM, sendo alguns domínios neurológicos mais afetados pela doença, como a velocidade de processamento de informação, necessária, por exemplo, quando uma pessoa dirige um carro. Eis outros esclarecimentos: o raciocínio abstrato, que auxiliará no equilíbrio do orçamento doméstico, também é acometido. Também são prejudicados a memória recente de evocação, usada quando é necessário relembrar o nome de um antigo colega, a fluência verbal, já que a pessoa não encontra a palavra correta durante uma conversa, o julgamento e tomada de decisão, essenciais para que a pessoa julgue os prós e contras ao fazer uma escolha. As alterações cognitivas, assim como os sintomas motores e visuais, costumam aparecer precocemente e podem agravar com o passar dos anos. Entretanto, o grau de comprometimento e gravidade pode variar muito de um paciente a outro.

Quais os sintomas desta doença?

Dr. Denis Bichuetti: Os sinais mais comuns são perda visual em um ou em ambos os olhos, perda de força muscular em um braço ou uma perna, parestesia (sensação tátil anormal, como formigamento), visão dupla, dificuldade de coordenação, tremor, disfunção da bexiga e dos intestinos (incontinência). Estes sintomas se desenvolvem em duas a quatro semanas, em pacientes jovens (entre 20 e 40 anos) e podem melhorar espontaneamente nos primeiros anos de doença. Com o passar dos anos, o paciente pode ainda apresentar apatia, desatenção, euforia e choro súbito, entre outros sintomas. Alguns desses quadros são evidentes; outros, sutis. Por isso, é preciso consultar um especialista para esclarecimento adequado.

Como é a terapêutica?

Dr. Denis Bichuetti: O tratamento da esclerose múltipla proporciona uma estabilização da doença e permite que o paciente tenha uma melhor qualidade de vida. A intervenção precoce com medicamentos chamados imunomodulares, no momento inicial do diagnóstico, pode retardar o desenvolvimento de novos surtos e riscos de incapacidade neurológica causada pela doença. Além disso, para obter um tratamento completo que englobe todas as necessidades de uma pessoa com a enfermidade, é preciso combinar a terapêutica medicamentosa ao apoio familiar e a um acompanhamento interdisciplinar, a fim de assegurar uma boa qualidade de vida, tanto do ponto de vista físico quanto emocional. É importante também que o paciente receba atendimento personalizado com profissionais capacitados para ensinar como aplicar a medicação e reduzir sintomas como a fadiga a partir da prática de atividades físicas e dietas equilibradas. Para isso, existem serviços como o Betaplus, voltado a pacientes que utilizam a betainterferona 1b, um dos medicamentos disponíveis para esclerose múltipla no Brasil.

Qual a reação dos pacientes diante do diagnóstico?

Dr. Denis Bichuetti: É comum eles reagirem com medo e pessimismo ao receber a confirmação de que está com EM. Uma pesquisa realizada pela Bayer Schering Pharma, com 650 pessoas diagnosticadas com a doença em 12 países, inclusive no Brasil, demonstra que 80% dos portadores da enfermidade se sentiram ansiosos e confusos no momento do diagnóstico, sendo que os maiores medos são ficar inválido (65%) e se tornar um peso para família (61%). Em relação à carreira, cerca de 60% dos entrevistados ficaram preocupados com a capacidade de executar o trabalho. No entanto, cabe lembrar a esses pacientes que, embora a esclerose múltipla ainda não tenha cura, existe tratamento. Ao seguir corretamente a terapêutica, as chances do portador adiar as consequências da EM são muito boas.

Além dos medicamentos, o paciente deve ter algum cuidado específico com os hábitos de vida?

Dr. Denis Bichuetti: Para obter um tratamento completo que englobe todas as necessidades de uma pessoa com esclerose múltipla, é preciso combinar a terapêutica medicamentosa com o apoio familiar e um acompanhamento multiprofissional. Tudo isso assegura uma boa qualidade de vida, tanto do ponto de vista físico quanto emocional e social. O paciente deve realizar atividades físicas regulares, ter uma alimentação saudável, evitar cigarro e abuso de álcool, assim como modificar sua rotina conforme suas dificuldades. A discussão de qualquer obstáculo com o neurologista é fundamental para adequar a rotina do dia a dia às dificuldade oferecidas pela doença. Também é importante o envolvimento de outros profissionais, como fisioterapeuta, psicólogo e enfermeiro.

Conheça o programa Betaplus:

A Bayer Schering Pharma, através do serviço de apoio Betaplus, oferece atendimento exclusivo e gratuito aos pacientes com esclerose múltipla que fazem uso do medicamento cujo princípio ativo é chamado de betainterferona 1b. O programa é útil para os portadores da doença que tenham dúvidas sobre a condução da rotina de tratamento prescrita pelo médico.

O paciente inscrito no Betaplus conta com uma equipe de profissionais de saúde capacitados para realizar o treinamento sobre a aplicação do medicamento, além de receber orientações gerais sobre o produto por diversos canais disponíveis no site www.esclarecimentomultiplo.com.br. O acesso do paciente ao serviço de apoio Betaplus tem que ter autorização prévia do médico.

* Com informações da Burson-Marsteller Brasil

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