Vírus HIV pode provocar quadros demenciais

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 30/11/2010 às 16:30

Habitualmente relacionado à aids, o vírus HIV pode também provocar e/ou contribuir para o comprometimento cognitivo de seus portadores, segundo alertam especialistas da Academia Brasileira de Neurologia (ABN). Diante de um universo de 630 mil soropositivos brasileiros, de acordo com estimativas do Ministério da Saúde, cerca de 252 mil indivíduos (40% do total) podem apresentar algum sintoma desse quadro demencial, sendo mais prevalente o complexo cognitivo-motor leve.

Caracterizada por dificuldades de concentração, na memória de curta duração e pensamento lento, entre outros sintomas, a demência associada ao HIV acomete indivíduos jovens na maioria dos casos. Das 48.141 notificações de HIV registradas em 2008 e 2009 (até 30 de junho), aproximadamente 73% referem-se a pessoas de 25 a 49 anos.

Membro do departamento de neurologia cognitiva e do envelhecimento da ABN, a neurologista Jerusa Smid explica que a demência associada ao HIV se dá através da infecção do sistema nervoso central (SNC) e do cérebro pelo vírus. "O vírus infecta as células de defesa, monócitos e outras células CD4. Em seguida, o HIV é transportado ao SNC, onde se replica e pode infectar outras células. As células infectadas apresentam resposta inflamatória com substâncias neurotóxicas que provocam a morte de neurônios", afirma.

Segundo Jerusa, o diagnóstico desse tipo de demência é basicamente clínico. Exames, contudo, de ressonância magnética do encéfalo (ou tomografia computadorizada) e de análise do liquor são fundamentais para a exclusão de causas secundárias de comprometimento do SNC. Além dos sintomas anteriormente mencionados, os pacientes comumente se queixam de apatia e de prejuízo do desempenho motor e, em casos mais avançados, surgem dificuldades para andar e de linguagem, além de comprometimento da memória.

O tratamento da demência associada ao HIV é feito através da terapia antirretroviral de alta eficácia, com escolhas de medicações que tenham boa penetração no SNC. Consequentemente, haverá melhora do sistema imunológico do paciente. De qualquer maneira, é fundamental citar que a terapêutica faz a doença ter um processo de evolução interrompido, mas não revertido. Se a enfermidade é tratada inicialmente, contudo, pode haver melhora do declínio cognitivo.

Fonte: Trixe Comunicação Empresarial, assessoria de imprensa da ABN