Crianças com sobrepeso também correm o risco de desequilibrar a saúde dos ossos

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 29/11/2010 às 15:00

Vocês têm percebido que, cada vez mais, crianças e adolescentes com sobrepeso tomam conta do nosso País? Pois é, a epidemia da obesidade não escolhe mais faixas etárias. E eu já havia alertado sobre isso há cerca de oito anos, quando apresentei meu projeto experimental de conclusão do curso de jornalismo, intitulado Só é gordinho quem quer?. Faz tempo, mas a realidade que mostrei em 2002, numa série de quatro reportagens, ainda continua preocupante.

Segundo a Força Tarefa de Obesidade Infantil (IOTF, em inglês), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), existem pelo menos 155 milhões de crianças em todo o mundo, em idade escolar, com sobrepeso ou obesas. É bom os pais, os professores e a sociedade abrirem os olhos para esse cenário. Afinal, a obesidade traz uma série de incômodos que vão além da preocupação com a estética.

Só para citar uma consequência, está o desequilíbrio em relação à saúde óssea. Sim, acreditem: problemas como artrose, genu valgo (projeção dos joelhos para dentro) e osteocondrite (inflamações conjuntas de osso e cartilagem) têm sido observados em crianças e adolescentes obesos. E mais: alterações posturais, dores músculoesqueléticas e doenças articulares degenerativas também são comuns. Como se tudo isso não bastasse, os jovens que têm uns pneuzinhos a mais tendem a apresentar hipertensão, doenças do coração, diabete e síndrome metabólica - problemas que, até alguns anos, só eram comuns no adulto.

O sedentarismo e as mudanças no comportamento alimentar das crianças e adolescentes têm uma parcela grande quando se fala sobre a causa do sobrepeso nessa faixa etária. É o que reforçou a nutricionista do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), Alessandra Pereira, em dissertação de mestrado.

Para desenvolver o estudo, ela observou crianças de uma creche de Paraty, no Rio de Janeiro. A nutricionista ainda enfatizou que o consumo de frutas, legumes, verduras e até mesmo do arroz com feijão, prato típico brasileiro, vem diminuindo cada vez mais. Por outro lado, o consumo de guloseimas e de comidas industrializadas vem aumentando.

"O processo de criação de hábitos alimentares inicia-se na infância. Assim, essa é a fase ideal de apresentar conceitos e estipular algumas regras. Uma alimentação balanceada, com pelo menos três porções de fruta e cinco porções de legumes e verduras por dia, deve ser encorajada", exemplifica Alessadra. 

Além disso, o consumo de alimentos fontes de cálcio devem fazer parte de uma dieta equilibrada, com três porções diariamente. Crianças que não tomam leite devem fazer uso de outros opções ricas no mineral, como queijos e iogurtes. Já alimentos com excesso de gordura, sódio e açúcares devem ser restringidos.

"É muito comum o relato de pais dizendo que seus filhos não gostam de comer opções saudáveis. Porém, na maioria das vezes, esses alimentos não fazem parte da rotina alimentar da família", diz a nutricionista, alertando para o fato de a família também se tornar estimulada para a criação de mudanças no padrão alimentar.

* Com informações da assessoria do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia