Não deixe o zumbido tirar o seu sono

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 10/11/2010 às 0:25

Bom dia, pessoal!

Hoje é o Dia da Audição, data criada para alertar a população sobre a importância do ouvido e os cuidados essenciais para se evitar a perda auditiva. Aproveitando a oportunidade, a Sociedade Brasileira de Otologia (SBO), através da Campanha Nacional da Saúde Auditiva (clique aqui para acessar o site da iniciativa), faz um alerta sobre o uso correto de aparelhos sonoros e as consequências do volume alto para o ouvido.

Trabalhos de conscientização como esse são importantes para diminuir o percentual de pessoas que convive com problemas de zumbido. Só no Brasil, cerca de 20% da população enquadra-se nessa situação. Traduzindo em números, são cerca de 30 milhões de indivíduos com esse transtorno. Entre as principais causas que contribuem para o aumento desse dado, está o volume alto dos mp3 players. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo menos 5% dos casos de zumbido foram causados pelo mau uso desses aparelhos.

De acordo com especialistas da SBO, o limite máximo permitido de exposição a sons, inclusive pela legislação brasileira, é de 85 decibéis. A partir daí, há risco de perda auditiva, que dependerá não apenas da intensidade do som (volume), mas também do tempo de exposição e sensibilidade de cada indivíduo. Assim, quanto maior a intensidade, maior a chance de se desenvolver surdez., mesmo que a exposição seja por um período menor.

"O uso de iPods e similares apresenta um risco muito alto para a saúde auditiva, pois os fones estão inseridos no canal auditivo e levam o som diretamente à membrana timpânica, sem nenhum meio de proteção às delicadas estruturas que compõem a orelha interna", explica o otorrino Silvio Caldas, presidente da SBO.

É bom frisar que a surdez relacionada à exposição a sons intensos é cumulativa - ou seja, uma vez cessada a exposição ao ruído, a perda de audição estaciona, mas não regride. Eis, então, algumas dicas simples que contribuem para a manutenção da saúde auditiva: deixar o volume do tocador de mp3 na metade do volume máximo do aparelho, ficar atento para que o som saído dos fones não seja ouvido pelos amigos ao redor, evitar permanecer muitas horas seguidas ouvindo mp3 e buscar ajuda médica diante de qualquer sinal de alteração da audição.

CONVÍVIO SOCIAL

De acordo com especialistas, quem tem algum problema auditivo lida com dificuldades para se relacionar com membros da familia, do trabalho e do núcleo de amizade. Isso acontece porque muitos portadores ficam constrangidos por causa da dificuldade na comunicação.

Segundo pesquisa realizada pelo site Hear-it, os próprios parentes e amigos sentem-se intimidados em abordar o problema da deficiência auditiva, já que a reação do portador não é boa na maioria das vezes. Dos 85% que revelaram ter tocado no assunto com um parente ou amigo, 47% consideraram a conversa difícil e delicada.

"Falar sobre deficiência auditiva nunca é fácil devido à resistência que as pessoas têm em admitir a surdez. Trazer à tona o problema, contudo, é a melhor coisa a fazer. Familiares e amigos podem oferecer um apoio importante", afirma a fonoaudióloga Isabela Gomes, da Telex Soluções Auditivas.

Segundo ela diz, todos os estudos mostram que o tratamento, geralmente com próteses auditivas, resulta em melhoras significativas na qualidade de vida do paciente. A pesquisa também revelou que seis em cada dez parentes ou amigos de deficientes auditivos relataram que a perda de audição afeta significativamente o relacionamento interpessoal. E 74% deles afirmaram, inclusive, que mudam seu comportamento quando estão juntos com da pessoa com deficiência auditiva.

Dessa maneira, a perda de audição adquirida na idade adulta deve ser considerada, acima de tudo, uma perda social e psicológica que priva o indivíduo de conquistar boas relações sociais e almejar novas metas profissionais. De acordo com especialistas, a maioria das pessoas experimenta algum grau de perda auditiva a partir dos 40 anos por causa do envelhecimento natural.

É uma fase em que as células ciliadas do ouvido interno começam a morrer. O processo é diferente de indivíduo para indivíduo, mas aproximadamente uma em cada dez pessoas dessa faixa etária tem um grau de perda que indica a necessidade do uso de um aparelho. Depois dos 65 anos, a perda auditiva, conhecida como presbiacusia, tende a ser mais severa. Por isso, o melhor é procurar um especialista aos primeiros sinais de surdez.

VOCÊ SABIA QUE...

...o zumbido, em si, não é uma doença?

É um sintoma de que algo está errado nas estruturas da orelha ou pode ser manifestação de uma doença sistêmica como pressão alta, diabete, aumento de colesterol e doenças da tireoide. Hábitos como abuso do consumo de café ou uso de medicações (antibióticos, anti-inflamatórios e diuréticos) também são fatores que podem ser causadores do zumbido.

...cerca de 15% a 20% da população em geral têm zumbido?

No Brasil, significa algo em torno de 25 a 30 milhões de brasileiros. Destes, 15% se sentem incomodados com o zumbido e procuram ajuda médica.

...a principal causa de zumbido é a perda de audição?

Cerca de 30% a 35% das perdas de audição são creditados à exposição a sons intensos, sejam eles em ambiente profissional (ocupacional) ou não (trauma acústico, lazer e aparelhos eletrônicos, principalmente).

...o volume de aparelhos de som individuais (tocadores de mp3) podem chegar a 100-110 decibéis?

Vale lembrar que o limite máximo permitido de exposição a sons, inclusive na legislação brasileira, é de 85 decibéis. Alguns países limitam o volume na fabricação desses aparelhos, como o Canadá. No Brasil, infelizmente não há restrição.