Missas deste domingo abraçam campanha sobre hanseníase

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 10/10/2010 às 0:08

Hoje (10/10), a Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) mobiliza 10,2 mil paróquias em todo o Brasil e igrejas cristãs para que os sacerdotes e os ministros da palavra falem aos fiéis sobre a hanseníase durante as missas ou celebrações. A iniciativa, apoiada pelo Ministério da Saúde (MS), tem como objetivo aumentar o conhecimento sobre a doença e superar o preconceito e o estigma com os doentes.

De acordo com o secretário-geral da CNBB, Dom Dimas Lara, durante as cerimônias, aqueles que presidem as paróquias devem falar aos fiéis sobre a importância da prevenção, diagnóstico e tratamento da hanseníase, doença curável cujos medicamentos estão disponíveis gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). "Nós enviamos uma carta para todas as dioceses do Brasil com sugestões de homilia, a fim de que os padres e pregadores possam explicar melhor sobre a realidade da doença", afirmou.

A inclusão da hanseníase nas missas e celebrações foi motivada pelo fato de que o tema de hoje é o Evangelho de Lucas (capítulo 17, versículos 11 a 19), que narra a cura de dez "leprosos" em uma das peregrinações de Jesus Cristo. Diga-se de passagem, lepra é o nome como a hanseníase era chamada no Brasil até 1976. O tema escolhido pela CNBB é A missão de Jesus continua hoje: hanseníase tem cura.

Para a diretora do Programa Nacional de Controle da Hanseníase do MS, Maria Aparecida de Faria Grossi, a igreja pode ampliar a possibilidade de levar informação atualizada sobre a doença a todas comunidades brasileiras. "A capilaridade da igreja pode ajudar muito para que mais e mais brasileiros descubram se tem ou não a doença, façam o diagnóstico precoce e iniciem o tratamento", destacou.

Para o coordenador nacional do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Artur Custodio, os números de casos no Brasil ainda são altos, mas não por falta de trabalho. "Essa parceria é um exemplo de mobilização para o mundo. É importante que a sociedade civil crie uma cultura de cidadania, solidariedade, compaixão e compromisso do ser humano um com o outro", afirmou.

Saiba mais

O número anual de casos novos de hanseníase vem caindo no País desde 2003, quando se somou 51.941 registros. Em 2009, foram 37.610 notificações. "Apesar da redução no número de casos, a enfermidade se concentra nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Ainda é um problema de saúde pública, que exige vigilância permanente", alerta Maria Aparecida.

É importante que todas as pessoas com manchas brancas ou vermelhas (ou ainda com áreas dormentes no corpo) procurem o serviço de saúde. A doença é infecciosa e atinge a pele e os nervos dos braços, mãos, pernas, pés, rosto, orelhas, olhos e nariz. O tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas é longo e varia de dois a cinco anos. A doença pode causar deformidades físicas, evitadas com o diagnóstico precoce e o tratamento imediato, disponíveis no SUS.

Vale destacar que a hanseníase pode ser transmitida pelo contato com uma pessoa sem tratamento, através das vias respiratórias. Entretanto, a maioria das pessoas não adoece quanto tem contato com a bactéria porque possui uma resistência natural para combater a doença.

* Fonte: Agência Saúde do Ministério da Saúde / * Com informações do site da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Clique aqui e saiba mais sobre essa enfermidade