Crianças que têm crianças: uma situação preocupante

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 26/09/2010 às 2:33

Além do Dia Mundial do Coração, já destacado nos dois posts anteriores deste blog, hoje (26/9) também é o Dia Mundial da Prevenção da Gravidez na Adolescência. Nesta data, vale a pena relembrar a importância das famílias conscientizarem os jovens sobre a saúde sexual e reprodutiva, além de debater as diferentes opções de métodos contraceptivos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), anualmente cerca de 15 milhões de adolescentes (10-19 anos) ficam grávidas, o que torna a gestação precoce um fenômeno com parâmetros mundial. E por dia, ainda considerando todo o planeta, cerca de 220 mil adolescentes engravidam.

Sabemos que a responsabilidade de gerar e criar um filho prematuramente diminui as perspectivas de um futuro promissor, especialmente quando não há respaldo familiar. O início precoce da relação sexual também aumenta a possibilidade de gravidez não planejada ou os riscos de contágio de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).

De acordo com uma pesquisa coordenada pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) em parceria com a Bayer Schering Pharma, feita com 1.889 mulheres, mais de 30% das entrevistadas alegaram ter a primeira relação sexual antes dos 16 anos. E os dados sobre uso de métodos contraceptivos revelam que 67% das mulheres não pedem para o parceiro usar preservativos em todas as relações sexuais, demonstrando a fragilidade na preocupação com o contágio de DSTs.

Programas de planejamento familiar, que englobam a educação e a assistência com acesso a métodos contraceptivos, são essenciais para evitar a reincidência de gestação em adolescentes. Quando a jovem não recebe orientação adequada, fica suscetível a gestações de repetição.

O levantamento Prevenção da reincidência de gravidez em adolescentes: efeitos de um programa de planejamento familiar, realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), demonstra que as jovens iniciaram a vida sexual aos 15 anos, sendo a primeira gravidez confirmada um ano depois. O estudo foi feito partir da análise de 264 adolescentes que tinham ao menos uma gravidez.

"A adolescente que já possui a experiência de uma gravidez precisa receber atenção especial para que seja informada sobre o uso adequado de métodos contraceptivos", afirma a ginecologista e obstetra Cristina Guazzelli, professora da Unifesp.

Para as adolescentes, fica uma dica valiosa: acessar o site Viva sua vida (www.vivasuavida.com.br).

CAMPANHA GLOBAL

O Dia Mundial da Prevenção da Gravidez na Adolescência acontece pelo quarto ano em mais de 70 países da Europa, Ásia e América Latina. A campanha começou no último dia 22/9, aqui no Brasil, e vai até a próxima terça-feira (28/9). Nesse período, adolescentes de diversas cidades participarão de palestras e ações educativas com o objetivo de receber orientações sobre a saúde sexual e reprodutiva, além de conhecer as suas responsabilidades para a prevenção da gravidez não planejada.

Patrocinada mundialmente pela Bayer Schering Pharma, a campanha é realizada pela agência global de saúde reprodutiva e sexual Marie Stopes International (MSI), Organização Pan-Americana da Saúde e da Educação (PAHEF) e Federação Internacional de Paternidade Planejada (IPPF), além de vários outros órgãos e entidades. No Brasil, a iniciativa conta com o apoio da Febrasgo e do Canal Futura.

* Com informações da Burson-Marsteller