Pacientes desmistificam psoríase em mostra solidária

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 14/09/2010 às 1:45

Ontem (13/9) foi o dia de volta das férias ao JC. Confesso que estava com saudade das pautas, do cotidiano da redação, dos e-mails cheinhos de novidades e dos materiais de divulgação enviados pelas assessorias de imprensa. Como passei muito tempo fora, havia uma porção de sugestões legais. Entre tantas coisas interessantes, uma chamou a minha atenção e acho fundamental compartilhar com vocês.

Trata-se da exposição Psoríase: a verdade nua, que já passou por São Paulo e agora está no Rio de Janeiro, onde fica até o dia 28 deste mês. Ah, se você não estiver pela capital carioca, pode conferir tudo pelo site da mostra, que tem como objetivo conscientizar a população sobre a psoríase - patologia acomete cerca de 1% a 2% da população mundial. Captados pelas lentes do premiado fotógrafo Ralf Tooten, dez homens e mulheres (sendo quatro brasileiros), pousaram para mostrar a outras pessoas que é possível conviver bem com a doença, que é bem mais do que um problema de pele.

(No fim deste post, não deixe de ler os relatos dos pacientes brasileiros que participam do projeto)

A iniciativa é fruto de um programa latino-americano criado para informar sobre os impactos físicos e emocionais que a enfermidade traz. Além disso, é um programa que incentiva as pessoas que tenham recebido um diagnóstico da doença a buscar um tratamento adequado. No Brasil, a ação é promovida pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) com apoio da farmacêutica Pfizer. Na América Latina, a exposição teve início em maio, em Buenos Aires (Argentina).

A terapêutica da psoríase, diga-se de passagem, inclui opções medicamentosas tópicas locais à base de cremes e pomadas para as formas mais leves, tratamentos sistêmicos tradicionais, fototerapias e as medicações biológicas para casos moderados ou graves.

Como já disse em matérias anteriores neste blog, a psoríase pode prejudicar profundamente a qualidade de vida dos portadores. Eles ficam sujeitos a relatar depressão, ansiedade, vergonha da aparência e angústia em relação à reação dos outros diante da doença, que não é contagiosa.

Diferentemente do que algumas pessoas imaginam, o problema nada tem a ver com uma condição infecciosa. "É importante entender que a maioria dos portadores se sente estigmatizado por causa das lesões na pele e sofrem de isolamento e depressão", diz o presidente da SBD, Omar Lupi.

Vale dizer que a mostra fotográfica vem acompanhada por um documentário curto que mostra os bastidores da jornada que reuniu Ralf Tooten e os participantes dos quatro países da América Latina (Argentina, Brasil, México e Venezuela).

O filme aprofunda o contexto das fotos e explora ainda mais as histórias dos pacientes participantes. A exposição e o documentário podem ser vistos no site www.psoriaseaverdadenua.com.br. Vale a pena acessar. E se você estiver no Rio de Janeiro, tem como oportunidade ver a mostra no Metrô General Osório, onde fica até o dia 28/9.

Depoimentos dos participantes brasileiros que hoje se tratam e convivem bem com a doença?

"É preciso saber que é possível tratar a psoríase e que é melhor se aliar a ela do que enfrentar seu próprio corpo. Finalmente aprendi a conviver com a doença, comecei a praticar outras atividades físicas que não afetam diretamente minhas mãos e me sinto uma pessoa normal e realizada."

Renata Monteiro, 30 anos, começou a desenvolver psoríase aos 13 anos

"Entendo que uma pessoa que passou por momentos tão difíceis e sentiu na própria pele (literalmente) todo o sofrimento que uma determinada doença pode causar deve, de alguma forma, levar ao conhecimento dos outros o fato que o controle dessa doença é possível e que o doente de psoríase pode recuperar a autoestima."

Carlos da Silva Magalhães, 48 anos, notou uma alteração na pele da região toráxica e da cabeça há três anos

"Apenas com a divulgação da doença e das formas de tratamento poderemos desmistificar a psoríase entre a população e realmente ajudar os que sofrem com ela. Com o diagnóstico e o tratamento corretos, as pessoas podem evoluir e levar uma vida normal."

Luiz Cláudio Freitas, 47 anos, recebeu diagnóstico de psoríase em 2003, quando se sentiu sem liberdade para fazer as coisas de que mais gostava, como ir à praia e participar de atividades ao ar livre

"Hoje me sinto muito melhor quando falo sobre a doença e sobre a convivência com ela. Antes eu tinha problemas em minhas relações amorosas, era complicado falar do assunto no trabalho, na universidade e em outros lugares."

Vanessa Barreto, 25 anos, percebeu as lesões na pele aos 9 anos e só depois de cinco anos e vários tratamentos sem sucesso, foi diagnosticada com psoríase

 

* E não se esqueçam: no site www.psoriaseaverdadenua.com.br, vocês conferem vários vídeos que trazem mais detalhes sobre as histórias de todos os pacientes que participam da exposição.

* Veja abaixo o que o Casa Saudável já publicou sobre a doença:

- Bem mais do que uma doença de pele (clique aqui para ler)

- O elo entre consumo de cerveja e psoríase (clique aqui para ler)