Epilepsia: informação é o remédio contra preconceito

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 10/09/2010 às 15:30

Considerada uma das doenças neurológicas mais frequentes no mundo, a epilepsia acomete cerca de quatro milhões de brasileiros, segundo pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Outra leitura desse número é importante ser feita: quase 2% da população no Brasil convivem com a enfermidade, o que é um percentual alto. Dados do Ministério da Saúde revelam ainda que, entre janeiro e maio de 2009, cerca de 17 mil pessoas foram internadas na rede pública de saúde por causa da epilepsia.

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A doença, que é uma alteração na atividade elétrica do cérebro (temporária e reversível), produz manifestações motoras, sensitivas, sensoriais, psíquicas ou neurovegetativas. Vale informar, contudo, que não se consideram epilepsia casos de convulsão causados por febre, drogas ou distúrbios metabólicos - esses devem ser classificados diferentemente.

De acordo com a neurologista Joyce Macedo, do Instituto Paulistano de Neurocirurgia e Cirurgia da Coluna Vertebral, ter crises epilépticas não significa o mesmo que ter epilepsia. "Existem muitas situações que provocam crises epilépticas isoladas enquanto persiste o estímulo nocivo, como uso de drogas, infecções como meningites, parasitas cerebrais, tumores cerebrais e acidente vascular cerebral, entre outros problemas", informa a médica, que acrescenta: "Para ter epilepsia, é necessário que o estímulo nocivo seja corrigido e, mesmo assim, haja persistência das crises epilépticas".

A especialista ainda ressalta que o cérebro funciona movido a eletricidade das células neuronais num equilíbrio dinâmico. "Quando algum fator ou interno ou externo desequilibra essa transmissão, ocorre uma descarga elétrica anormal e excessiva ou síncrona, que é chamada de crise epiléptica. As crises epilépticas têm diferentes locais geradores e diferentes dimensões", destaca.

Segundo Joyce, as crises são divididas em focais e generalizadas. São chamadas de crises focais devido ao início localizado e podem comprometer ou não a consciência. "Quando não compromete a consciência, o paciente percebe alguma sensação ou movimento específico a depender da região que origina a crise", frisa a neurologista. "E quando compromete, o paciente está acordado, porém confuso, tem uma parada comportamental, muda de fisionomia, faz movimentos sem sentido e não se recorda dos atos realizados, que são repetitivos e sempre estereotipados."

Há crises, contudo, que desde o início abrangem muitas áreas simultâneas - são chamadas de primariamente generalizadas. "Os sintomas variam de acordo com o tipo de crise generalizada. As mioclonias se assemelham a choques e ocorrem mais com o paciente cansado ou poucas horas após o despertar. Já nas crises de ausência, há uma parada comportamental associada à piscamentos e desvio dos olhos para cima, com duração e recuperação rápidas, o que leva segundos", afirma Joyce.

A médica afirma que não é preciso ter medo caso se depare com alguma pessoa vivenciando o problema. E ela orienta como agir mediante uma convulsão.

Acompanhe as dicas abaixo:

- Em primeiro momento, mantenha-se calmo e tente acalmar as pessoas ao redor

- Não coloque absolutamente nada na boca do paciente. Ele não pode ingerir ou cheirar nada durante a convulsão

- A convulsão tem três fases: tônica (endurecimento geral), clônica (movimentos repetitivos) e a fase de relaxamento. Nessa última fase, deve-se virar o paciente de lado, pois nesse momento o mesmo apresenta muita secreção pulmonar e salivação, podendo ter dificuldade para respirar devido à secreção e à musculatura da língua relaxada

- Não tente manipular ou imobilizar o paciente na fase tônica; você pode provocar contusões e fraturas nele

- Não dê tapas na face do paciente, espere ele recuperar a consciência e sente-o. Faça perguntas simples "como qual é o seu nome?", "Você pode apontar para a porta?"

- Deixe-o dormir, pois ocorrerá sonolência e fadiga após uma convulsão

- Leve ao hospital se a convulsão teve duração superior a cinco minutos ou se houve alguma queda importante

* Com informações da Ato Z Comunicação Empresarial