Hoje pela manhã, no Endócrino 2010, assisti à mesa-redonda sobre nutrição do atleta, com a participação de quatro especialistas que dominam bem o assunto. Mas sabe o que me chamou mais a atenção? A palestra do professor de educação física Jocelito Bijoldo Martins, que é oficial de controle antidoping da Agência Mundial de Antidoping (WADA, em inglês).
Na apresentação, ele disse o seguinte: "Cerca de 90% dos suplementos alimentares importados têm algum tipo de restrição. E entre esses, os de origem americana são os que mais podem apresentar algum tipo de contaminação".
É um percentual alto, não é? E o que chama a atenção é que, por se tratar de alimentos (sim, não são remédios), esses suplementos podem ser encontrados e comprados facilmente. Até em alguns supermercados, dá para achá-los. "Só podemos dizer que são suplementos nutricionais quando possuem uma composição acima da ingestão recomendada", afirmou a nutricionista Ana Paula Fayh, especialista em fisiologia do exercício, que também participou da mesa-redonda.
Mesmo não sendo medicamentos, os suplementos alimentares para atletas (como whey protein e L-carnitina) não devem ser consumidos a torto e a direito. Eles trazem benefícios para a prática esportiva quando bem indicados. A questão é que há alguns desses produtos, de origem duvidosa, que prometem milagres. E nem sempre o consumidor percebe isso.
"Existem laboratórios que nem sede têm e produzem suplementos contaminados", alertou Jocelito. E nesse depoimento do especialista, sabe o que significa contaminado? Que os frascos desses produtos podem estar cheinhos de sibutramina (medicamento usado para emagrecer e vendido só com receituário especial), furosemida (diurético) e esteroides anabolizantes.
"E os produtos que se encaixam nessa categoria não dizem no rótulo que apresentam essas substâncias", enfatizou Jocelito. Terminada a mesa-redonda, fui conversar com ele para saber o que as pessoas devem fazer para não cair em armadilhas. "Se o suplemento for de qualidade, certamente a empresa que o produz apresentará em seu site ou rótulo que a Anvisa deu autorização para comercializá-lo", avisou.
Para fugir dos contratempos, outra coisa também é importante: "Vale sempre consultar um especialista para saber se o produto que será utilizado tem boa procedência", complementou Ana Paula Fayh. A nutricionista também me disse que geralmente os suplementos alimentares devem ser usados por atletas. Atletas mesmo, aqueles que fazem esporte por competição.
E aí, eu perguntei: "E quem malha muito na academia, mas não compete, pode usar também?" E ela me disse o que muita gente já sabe, mas que é preciso reforçar: "Antes de utilizar qualquer suplemento, o aviso é procurar um especialista que possa traçar o perfil dietético e metabólico da pessoa. E isso é feito numa conversa com o paciente e numa consulta em que possam ser solicitados alguns exames de sangue", finalizou Ana Paula.
