As novas abordagens para o cuidado e o controle da cárie, além de metas para a aplicação de políticas públicas nos Estados, estão entre os destaques da programação do Congresso Mundial de Odontologia, o FDI 2010, que acontece pela primeira vez no Brasil.
O encontro, que será em Salvador e reunirá mais de 250 especialistas de vários países, começa nesta quinta (2/9) e termina no domingo (5/9). Ainda na pauta do evento, estão debates sobre as novas estratégias odontológicas para a prevenção e controle da cárie bacteriana infantil e adulta.
Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, cerca de 90% da população brasileira têm cárie, colocando o País entre os países com mais problemas bucais. Entre os percentuais de destaque, pode-se mencionar:
- Quase 40% das crianças de 18 a 36 meses apresentam pelo menos um dente com cárie
- Quase 60% das crianças de cinco anos de idade têm pelo menos uma cárie
- A média de dentes permanentes cariados é de 2,8 nas crianças de 12 anos; 6,2 nos adolescentes; 20,1 nos adultos e 27,8 nos idoso
É triste tomar conhecimento ainda sobre os dados relativos aos adolescentes das cinco regiões do Brasil: entre 2005 e 2006, revelou-se que mais de 2,5 milhões de jovens nunca fizeram uma consulta odontológica. Todas essas informações vêm do SB Brasil – Levantamento das condições de saúde bucal da população brasileira.
Para o presidente da Associação Brasileira de Odontologia (ABO), Newton Miranda de Carvalho, a cárie não é mais uma questão que se limita ao consultório. É um problema de saúde pública, considerado até como uma epidemia global. "Para resolver o problema bucal no mundo, como a cárie, é preciso unir esforços globais", argumenta Carvalho.
Ele frisa que as verbas destinadas ao tratamento da cárie poderiam ser usadas em inovação, mas ainda se destina muito dinheiro ao tratamento de uma doença que já deveria ter sido erradicada, como fez a medicina com a poliomielite. "Quantos milhões de horas são perdidos em decorrência da cárie? Erradicá-la é de extrema urgência para o bem-estar das populações e da própria sociedade", argumenta o especialista.
Segundo o odontólogo Roberto Vianna, professor associado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e presidente do FDI 2010, a cárie dentária é um problema global que causa efeitos nocivos à saúde, à sociedade e à economia. "Apesar dos progressos feitos em prevenção e tratamento, a cárie ainda se constitui em uma epidemia negligenciada em muitos países", ressalta o especialista.
Quase todo mundo sabe que a cárie é uma doença infectocontagiosa que pode resultar na destruição e perda dos dentes, caso não seja tratada. Mas pouca gente, infelizmente, leva a sério a higiene bucal. Vale ainda dizer que a cárie é provocada pela proliferação de bactérias e outros fatores determinantes, como resíduos alimentares na boca. Uma das formas mais eficazes de evitar a cárie é a prevenção através de uma limpeza total da boca e das sujeirinhas que ficam entre os dentes.
"Hoje, as pessoas têm novos hábitos e, em consequência deles, alimentam-se mais vezes ao dia. É imprescindível escovar e remover os resíduos dos dentes com frequência para prevenir a cárie e também as doenças da gengiva", adverte Newton Miranda de Carvalho.
Ele ainda acrescenta que é necessário utilizar o fio dental diariamente e procurar o cirurgião-dentista a cada seis meses ou sempre que detectar alguma alteração na boca.
E para isso, especialista é o que não falta. O Brasil é campeão no mundo em número de dentistas. São 210 mil profissionais, sendo 54% apenas na região Sudeste. Trata-se do maior universo de odontólogos do mundo, seguido pelos Estados Unidos (168 mil dentistas) e a Alemanha (63 mil dentistas). Em seguida, vêm a França, o México e a Argentina, com 40 mil dentistas cada.
- Escove os dentes pelo menos três vezes ao dia e use o fio dental sempre, a fim de remover a placa bacteriana entre os dentes e sob a gengiva.
- Faça avaliações regulares. O cuidado preventivo pode evitar que os problemas ocorram e que problemas menores se tornem sérios.
- Adote uma dieta balanceada, com pouco açúcar e amido. Quando ingerir esses alimentos, procure comê-los durante a refeição, e não como um lanche. Isso minimiza o número de vezes que os dentes são expostos ao ácido.
- Utilize produtos dentários que contenham flúor, incluindo o creme dental.
- Certifique-se de que a água que as crianças bebem contenha flúor. Se a água fornecida em sua localidade não contém flúor, o dentista ou o pediatra podem prescrever suplementos de flúor diários.
* Com informações da Burson-Marsteller
