Levantamento traça panorama sobre tabagismo

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 31/08/2010 às 15:45

Depois de publicar uma série de posts bem educativos sobre combate ao tabagismo, o Casa Saudável traz os dados da Pesquisa Especial de Tabagismo (PETab), divulgados ontem (30/8). Entre várias outras questões, o levantamento revela que a geração de brasileiros nascida a partir da década de 80, que hoje tem até 30 anos, começa a fumar, em média, aos 17 anos.

No Nordeste e no Centro-Oeste, a proporção de jovens que começa a fumar antes dos 15 anos é maior do que nas outras regiões. O estudo revela ainda que a proporção de jovens do sexo feminino que começa a fumar antes dos 15 anos de idade é 22% maior do que a dos homens, em todas as regiões do País.

A PETab foi feita em 51.011 domicílios, entrevistando fumantes, não-fumantes e ex-fumantes. O trabalho, que é a mais completa pesquisa feita sobre tabagismo no Brasil, foi realizado em outros 13 países. Internacionalmente, a pesquisa é conhecida como Global Adult Tobacco Survey (Pesquisa Global de Tabagismo).

A análise dos dados da PETab, que o Instituto Nacional de Câncer (Inca) divulgou para marcar o Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado no último domingo, foi realizada como parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD 2008), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e tem como objetivo fornecer informações para subsidiar a política nacional de controle do tabaco.

Infelizmente, segundo o estudo, os jovens são a parcela da população que menos procurou algum tipo de ajuda para deixar de fumar, apesar de 48% das pessoas dessa faixa etária terem relatado pelo menos uma tentativa de parar de fumar nos últimos 12 meses.

Chama a atenção o fato de, entre os jovens, os homens fumarem 2,5 vezes mais do que as mulheres. Entre as outras faixas etárias da população, essa proporção é menor. Uma das explicações para isso é o fato de que as mulheres param de fumar numa proporção duas vezes maior do que a dos homens.

Uma das informações mais relevantes da pesquisa, em relação à juventude, é a constatação de que os jovens são mais sensíveis à propaganda pró-tabaco do que os adultos. As estatísticas mostram isso: 48,6% dos jovens relataram ter percebido propaganda pró-tabaco ante 38,7% dos adultos.

Esse resultado pode indicar que existe um esforço da indústria para atingir os indivíduos com 24 anos de idade ou menos nas ações de promoção e propaganda de produtos do tabaco. Isso fortalece a necessidade de criar estratégias de informação sobre controle do tabaco junto aos jovens através de formatos e conteúdos diversificados.

Além disso, a pesquisa revelou que o nível de dependência severa de nicotina dos jovens foi 50% menor do que a dos adultos. Isso mostra a importância do estímulo à cessação entre essa população e principalmente da prevenção, a fim de evitar que comecem a fumar. O grau de dependência foi medido na PETab através de duas questões: o número de cigarros fumados por dia e o tempo que a pessoa leva para acender o primeiro cigarro após acordar. O cruzamento dessas respostas determina o nível de dependência, que pode ser baixa, elevada ou moderada.

O estudo ainda mostrou que o cigarro, um dos principais fatores de risco para o câncer, também causa forte impacto no orçamento doméstico. Os dados revelaram que uma família composta por um casal de fumantes, entre 45 e 64 anos, residente numa cidade do Sudeste do Brasil, gasta mensalmente R$ 128,60 só com a compra de cigarros. Por ano, a despesa chega a R$ 1.543,20.

A pesquisa também apontou que, em geral, uma em cada cinco pessoas foi exposta à fumaça do cigarro em locais públicos. Isso correspondeu a aproximadamente 26 milhões de pessoas, das quais 22 milhões eram não-fumantes. "É preciso que a legislação em vigor, que ainda permite fumódromos, seja alterada para impedir 100% o uso de produtos do tabaco que emitem fumaça em ambientes coletivos e fechados", alerta a gerente de Divisão de Epidemiologia do Inca, Liz Maria de Almeida.

* Com informações da assessoria de imprensa do Inca