Gestantes têm como dever vigiar a tireoide

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 15/08/2010 às 1:00

Hoje, o Casa Saudável amanhece parabenizando as mulheres que estão grávidas. Sim, é o Dia da Gestante! E nessa data, o nosso blog faz questão de alertar em relação aos cuidados que as futuras mamães devem ter com a tireoide durante a gestação e também no pós-parto.

Antes de começar a falar sobre o desequilíbrio hormonal causado pelas disfunções da tireoide, vou explicar o que ela é: trata-se de uma glândula pequenina situada no pescoço, com um formato que lembra as asas de uma borboleta e que não pesa mais do que 30 gramas. Mesmo minúscula, a tireoide exerce uma influência muito grande no funcionamento do nosso organismo, principalmente de quem espera um bebê.

Se a atividade dessa glândula passa a ficar devagar quase parando, começa a bater na gente um desânimo fora do comum. Outros sintomas frequentes nessa condição são sono excessivo, pele seca, queda de cabelos e intestino preso. A questão é que, na gestante, esses sinais geralmente são silenciosos, sabia? É aí que está o problema. Quem me disse isso foi o endocrinologista Gustavo Caldas, numa conversa que tive com ele no último EndoRecife, realizado em junho.

"De 20% a 30% das gestantes com hipotireoidismo não têm sintomas. E de 2% a 3% de todas as mulheres grávidas podem apresentar alteração dos hormônios dessa glândula", diz o médico. Pois é, preciso explicar o que é hipotireoidismo... É um dos problemas da tireoide que se desenvolve porque há produção insuficiente dos seus hormônios.

EU TENHO HIPO

Ah, só um parêntese: eu convivo normalmente com essa doença. Mas antes de ter o diagnóstico, sentia um cansaço imenso e uma apatia fora do comum. Até achei que fosse depressão, mas o meu superendócrino Fernando Almeida logo percebeu que a minha glândula estava preguiçosa e eu comecei imediatamente o tratamento. Para toda a vida, preciso tomar um comprimidinho de hormônio T4 diariamente em jejum, o que já faz parte da rotina. Depois que comecei a tomá-lo, rapidinho os sinais desapareceram e nunca mais voltaram.

E aí, eu tive uma curiosidade. Sem titubear, perguntei a Dr. Gustavo Caldas o que devo fazer quando engravidar. "Qual deverá ser a minha conduta já que tenho hipotireoidismo?", questionei. Com muita tranquilidade, ele disse que eu teria que ser acompanhada como qualquer outra gestante, com a possibilidade de receber uma dosagem de T4 maior do que a dose que eu já tomo. E isso acontece para suprir as necessidades da futura mamãe e do feto.

Bom saber que será simples assim, né? E também fiz mais uma perguntinha a Dr. Gustavo: "E as gestantes saudáveis, que nunca tiveram problema de tireoide, devem investigar os hormônios da glândula?". Nesse quesito, ele também foi muito claro na resposta e me disse que todas as mulheres grávidas deveriam fazer a dosagem do TSH, que é o hormônio que estimula a tireoide. "Se o exame laboratorial mostrar alguma alteração, a gestante geralmente já começa o tratamento. Essa conduta reduz em 40% os efeitos trazidos por um hipotireoidismo não tratado, o que inclui parto prematuro e aborto", explica Gustavo Caldas.

Segundo ele, as mulheres que têm um risco aumentado de ter algum problema nessa glândula são aquelas que possuem outras doenças autoimunes, como diabete tipo 1 e artrite reumatoide. E se for gestante e tiver essas enfermidades, investigar a tireoide é uma conduta primordial.

"Até nos casos em que a gestante não aparentava ter problema algum, quando o TSH foi dosado, encontraram-se 10% dessas mulheres com alteração nesse hormônio e que precisavam de tratamento", afirma o médico, que ressalta a importância de a gestante fazer exames laboratoriais no primeiro trimestre da gravidez. Diante de tantas explicações, eis a lição final: quando se trata de hormônios da tireoide, as futuras mamães precisam dosar pelo menos o TSH. E diante de qualquer alteração, iniciar um tratamento mediante recomendação médica.

Você quer saber mais sobre as disfunções da tireoide? Leia matéria que fiz sobre o assunto e que foi publicada na Revista JC. Clique aqui e baixe as páginas em PDF da reportagem, que já está disponível neste blog, na seção Matérias que amo.