Pra que serve fita métrica enrolada na cintura?

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 12/08/2010 às 1:30

Ontem à noite, lá fui eu aqui em casa procurar uma fita métrica. No mínimo, uma cena engraçada. É que havia acabado de ler o resumo de um estudo recém-publicado no jornal Archives of Internal Medicine, uma publicação quinzenal da American Medical Association. Gosto de acompanhar as novidades trazidas por essa publicação e, por isso, sempre dou uma espiadinha no que ela divulga.

Sim, mas voltando à fita métrica... Achei uma bem velhinha que estava numa das minhas gavetas e medi a minha cintura. Resultado: 74 centímetros (cm). Ufa, que alívio eu tive. Sabe por que fiquei tranquila? Porque estou dentro dos padrões de normalidade apresentados pelo artigo, intitulado Waist circumference and all-cause mortality in a large US cohort (em português, a tradução pode ficar: Circunferência da cintura e todas as causas de mortalidade em uma coorte grande dos Estados Unidos).

É bom eu explicar que geralmente, ao conduzir um estudo de coorte, o pesquisador verifica se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença.

E foi esse o raciocínio da pesquisa americana. Os estudiosos perceberam que cinturas maiores do que 110 centímetros nas mulheres e 120 centímetros nos homens duplicam a probabilidade de mortalidade. Essa constatação foi feita em relação às pessoas do sexo masculino com cinturas menores do que 90 centímetros e em relação às mulheres com cinturas menores do que 75 centímetros.

Para chegar a essa conclusão, foram examinados 48.500 homens e 56.343 mulheres. Percebeu-se que a associação entre circunferência da cintura e mortalidade pode indicar uma realidade e que, para fechar essa conclusão, são necessárias mais investigações.

Do total de participantes (todos com 50 anos ou mais), morreram mais de 9 mil homens e mais de 5 mil mulheres entre 1997 e 2006 - este último foi o ano final do estudo. Os pesquisadores viram que o risco de óbito aumentava quando a cintura era mais larga. E isso independentemente de se ter peso normal ou não.

Outro ponto importante a ser esclarecido é que a análise indicou um aumento significativo do risco entre os homens com cinturas maiores do que 110 centímetros ou em mulheres com cinturas a partir de 95 centímetros. Mas a chance de morte só dobrou mesmo nas pessoas com medidas maiores que 120 centímetros para homens e acima de 110 centímetros para mulheres. Entre as causas mais frequentes desses óbitos, estavam insuficiência respiratória, doenças cardiovasculares e câncer.

De qualquer maneira, repito que essa é a conclusão de um estudo que requer mais análises profundas capazes de relacionar o risco de uma cintura avantajada com mortalidade. Portanto, quem tem uma medida maior do que o estudo recomenda não deve entrar em pânico, e sim tomar uma atitude sensata: procurar um médico.

Só um profissional capacitado, depois de solicitar alguns exames importantes e conversar muito sobre a nossa história de vida, pode fazer uma melhor análise da composição corporal. E isso inclui não só passar a fita métrica na cintura, mas também checar o tamanho dos nossos quadris, analisar o abdome, a gordura visceral e corporal. Eis, então, o recado: isoladamente a cintura não dá um laudo completo da nossa saúde. São necessárias várias outras avaliações e exames. Mesmo assim, não vamos relaxar para deixar nossas medidas aumentarem cada vez mais, concordam?