Estragos causados pela poluição veicular

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 06/08/2010 às 7:00

Os engarrafamentos chatinhos que enfrentamos não deixam a gente apenas impaciente, mas também menos saudável. Além do trânsito caótico causar um baita estresse, a grande circulação de veículos aumenta a quantidade de poluentes, o que abre portas para um leque amplo de doenças respiratórias.

Esse é o recado principal de estudos da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP), que indicam uma relação direta entre o aumento da chance de jovens desenvolverem essas enfermidades e o fato de morarem em áreas por onde passam muitos veículos.

E sabe o motivo disso? É que, nesses locais, são maiores as concentrações de óxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx) e materiais particulados (PM). Vale destacar que as pesquisas foram realizadas na cidade de São Paulo e levou em consideração crianças e adolescentes até 18 anos.

Idealizado pela bióloga Giovana Moser de Toledo, o estudo divide as concentrações de poluentes em quatro níveis: vão do menos ao mais poluído. Verificou-se que, nas áreas mais poluídas, o risco de jovens serem internados por doenças respiratórias é maior.

Além disso, as chances de hospitalizações são diferentes no inverno e no verão. No lugares com nível mais poluído, as chances chegam a 78% no inverno - contra 45% no período de sol. Segundo Giovana, as internações são mais frequentes no inverno por causa das características de temperatura e do regime de chuvas, que dificultam a dispersão de poluentes.

Ou seja: chuva, engarrafamento e poluentes formam uma tríade capaz de desequilibrar o nosso bem-estar. Será que aqui no Recife, onde os engarrafamentos também são constantes, os gestores envolvidos com políticas de saúde pública já pensaram em definir áreas prioritárias para intervenção, com base na fluidez do trânsito e na saúde da população? Ficam a discussão e a reflexão.