Alegrias que vêm dos latidos e miados

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 29/07/2010 às 17:29

Quem tem (ou já teve) um bichinho em casa, que o ama de verdade, entenderá exatamente o que vou escrever nas próximas linhas. Para mim, a nossa Pitchulinha, 14 anos, é um membro da família. Pronto, falei! E não somos uma das poucas famílias que amamos os bichinhos de estimação como um grande amigo e, talvez, como filhos. Só no Brasil, o ano de 2010 deve fechar com cerca de 33 milhões de cães e 17 milhões de gatos de estimação, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Animais de Estimação (Anfalpet).

E eles não estão nos lares apenas como meros companheiros. Percebo que o ser humano tem se deixado abraçar cada vez mais por animais de estimação e oferece cuidados de sobra em relação à alimentação e à saúde deles. E vejo que toda essa dose de carinho e dedicação é uma forma de retribuir o que os nossos cachorrinhos e gatinhos fazem por nós.

Quem é que nunca leu ou escutou alguma coisa sobre o bem-estar físico e emocional que eles nos trazem? Não faz muito tempo, vi numa revista comentários sobre um estudo australiano cujos resultados mostraram que donos de animais de estimação têm menos chances de sofrer com estresse do que pessoas que não possuem esses bichinhos em casa. A explicação está no fato de a alegria proporcionada pelos pets ser uma ferramenta que ajuda a diminuir os índices do hormônio do estresse, o cortisol, e ainda eleva os níveis de serotonina, responsável por nos proporcionar bem-estar.

Também preciso contar que, ao ter a ideia de escrever este post, me lembrei que, quando eu fazia o curso de pós-graduação em gerontologia, estudamos bastante sobre os benefícios que a terapia assistida por animais (TAA) traz no envelhecimento. Foi lá, há uns seis anos, que conheci uma cadelinha linda e esperta, chamada Pandora, que animava os idosos do Abrigo Cristo Redentor, uma instituição de longa permanência para idosos (ILPI) localizada no bairro de Jangadinha, em Jaboatão dos Guararapes.

Pandora foi treinada para ser a atriz principal da TAA. Ainda guardo na memória a imagem de uma senhora que me contou como a cadelinha a deixava feliz. Ela dizia que gostava de jogar bola com a cadelinha e de alisar o pelo dela, fazendo muito carinho. Um ato que, segundo a idosa, fazia com que ela não pensasse mais em bobagens.

De uma outra senhora, que nem é do abrigo, eu escutei que o seu cachorrinho a ajudou a resgatar a afetividade. Achei profundo, bonito e principalmente verdadeiro. Ela contava com muita emoção que adorava chegar em casa, ver o seu bichinho balançar o rabo como sinal de alegria e pegar um brinquedinho para se divertir com ela.

De fato, cães e gatos podem ser os personagens, amigos e confidentes que faltam para apagar a solidão e aumentar a autoestima de muita gente. Já escutei crianças, adolescentes, adultos jovens e idosos falarem que adoram chegar em casa e serem recebidos pelas astúcias dos seus bichinhos.

É praticamente impossível um cenário desse não produzir uma série de reações positivas no organismo... Se isso de nada valesse, não existiria o Instituto Nacional de Ações e Terapias Assistidas por Animais (INATAA), uma organização não-governamental localizada em São Paulo. Entre as ações do instituto, estão visitas a grupos, hospitais e instituições. É um momento em que o INATTA recorre aos cães para ajudar a promover a saúde física, social e emocional de muitas pessoas.

O bom é que famílias com um cãozinho de raça dócil e comportado em casa podem até contar com os benefícios de uma espécie de terapia domiciliar informal sem perceber. Perdi as contas de quantas de vezes vi minha avó feliz da vida com Pitchulinha no colo. Vovó não cansa de dar dengo a ela como se fosse uma netinha mesmo. E sem se dar conta, faz da nossa cadelinha uma grande companheira no seu dia a dia. É como se, nos olhinhos pequeninos de Pitchula, vovó enxergasse tanto amor que fica impossível deixar de retribuir.

Esse é só um caso de amor que ilustra muitos outros espalhados pelo mundo afora e que mostra o quanto os bichinhos de estimação são fundamentais para turbinar a nossa sensação de bem-estar.